Governo dialoga com sociedade sobre os legados da Copa

Em Salvador para participar do seminário Diálogos Copa 2014 – Governo e sociedade, realizado nesta quinta-feira (08), o ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse considerar o Mundial 2014 uma janela para o desenvolvimento. Com as presenças dos secretários estaduais Ney Campello (Secopa) e César Lisboa (Sedes), foram apresentados dados de investimentos e políticas dos governos federal e estadual relativos à Copa e legados deixados pelo evento.

César afirmou que o debate com a população brasileira é fundamental para o sucesso do Mundial e fez um breve histórico das políticas públicas implantadas pelo governo Wagner nos últimos 10 anos. Segundo ele, o mandato conseguiu instituir diversos marcos legais para vários setores da sociedade. Entre os temas e segmentos beneficiados: juventude, agricultura familiar, educação, negros, idosos.

O ministro Gilberto reconheceu que este diálogo deveria ter ocorrido há mais tempo, pois assim seria possível promover mais bem-feitorias e atender melhor às demandas dos brasileiros, tomando decisões diferentes, se fosse o caso, evitando este clima de movimentação contra. Ao mesmo tempo, ele afirmou que a desinformação acerca dos reais dados contribuiu para estas confusões.

“Não estamos querendo desmobilizar as manifestações contra a Copa. Entendemos que o nível de democracia no nosso país foi elevado. A manifestação é um dos instrumentos da democracia participativa. Nós vamos zelar para que não haja violência por nenhuma parte. Nem da polícia nem dos manifestantes”.

Gilberto Carvalho informou que a presidente Dilma conseguiu convencer a Fifa a instituir como tema desta Copa o combate ao racismo. “Estamos querendo colocar o racismo no centro do discurso político. Além disso, vamos aproveitar a Copa para ampliar e politizar o debate sobre o turismo sexual e o abuso sexual infantil”.

Dados

A realização da Copa do Mundo este ano no Brasil é considerada um momento histórico de crescimento para os brasileiros. Tanto que o secretário Ney Campallo afirmou que há duas copas: a do espetáculo, de propriedade da Fifa, e a dos legados, das oportunidades, do desenvolvimento econômico e social.

O governo federal investiu R$ 8 bilhões na construção e reforma dos estádios, no total de 12. Vale ressaltar que houve uma preocupação em trazer a Copa para o Nordeste, com a instituição de quatro cidades-sedes na região (Fortaleza, Natal, Recife e Salvador), para descentralizar a competição do Sul-Sudeste, promovendo o desenvolvimento nos estados, apesar de o critério para ser país-sede ser ter seis estádios em condições.

Os investimentos chegaram a outras áreas: mobilidade urbana, telecomunicações, segurança pública, aeroportos e portos, qualificação profissional, equipamentos turísticos. Uma das principais consequências foi a geração de empregos. Segundo os dados apresentados, foram investidos ainda nos últimos anos R$ 825 bilhões em saúde e educação em todo o Brasil.

Na Bahia, foram gerados 5 mil empregos ligados ao Mundial, incluindo moradores de rua e egressos do sistema prisional. Além disso, Salvador está tendo o aeroporto reformado e ampliado, ganhou a Arena Fonte Nova, grande equipamento de turismo, já que pode receber eventos para 60 mil pessoas, totalmente voltada para a sustentabilidade, com características multifuncionais. Sem contar que foi construída sem nenhuma desapropriação, promovendo, inclusive, a valorização imobiliária na região.

A capital baiana, a terceira cidade-sede mais procurada, conquistou também melhorias no esporte, com a requalificação dos estádios de Pituaçu e Barradão. O estado conseguiu captar três centros de treinamento, construídos pelas seleções que escolheram a Bahia: Mata de São João (Croácia), Santa Cruz Cabrália (Alemanha) e Porto Seguro (Suíça).

População

Diante das exposições, os representantes de movimentos sociais presentes ao seminário, que ocorreu na Fundação Luiz Eduardo Magalhães (Flem), destacaram que é preciso massificar a divulgação dos dados, contrapondo os ataques da mídia contra a Copa. Ao mesmo tempo, cobraram mais atenção do governo para os movimentos da sociedade civil organizada e investimento na juventude e os negros, contra a marginalização.

De Salvador,
Maiana Brito