Colômbia: Na reta final, disputa presidencial é marcada por escândalos

No próximo domingo (21), os colombianos irão às urnas para eleger o presidente que governará o país pelos próximos quatro anos. Óscar Iván Zuluaga é, segundo as pesquisas de intenção de voto, o rival mais sólido do atual chefe de Estado colombiano, Juan Manuel Santos. A disputa entre eles é feita "escândalo a escândalo", em campanhas que se baseiam no ataque direto e na troca de acusações mútuas.  

Colômbia: Disputa presidencial é marcada por escândalos - Reprodução

As acusações entre as duas campanhas vão desde o suposto financiamento irregular da candidatura de Santos até a mais recente divulgação de um vídeo no qual Zuluaga aparece sentado com os braços atrás da cabeça, enquanto um hacker lhe explica como interceptava informações da inteligência militar sobre os líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para atacar o processo de paz.

Na segunda-feira (19), o presidente Santos chegou a acusar Zuluaga de “sabotar o processo de paz”. O opositor declarou inicialmente que não conhecia o hacker, e, depois, que o tinha visto apenas uma vez. Por último, resolveu dizer que se trata de uma montagem, descrevendo o episódio como uma "armadilha para prejudicar o crescente apoio que vem recebendo". No vídeo, o candidato diz: “Então, Andrés, que golpe Santos vai nos desferir daqui até o dia 25 como sua tábua de salvação? Ainda há um mês para dar um golpe, meu irmão”.

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Andrés Sepúlveda, o especialista em sistemas de comunicação que aparece na gravação publicada pelo site da revista Semana, foi preso em Bogotá, onde funcionava o escritório (desmantelado no início de maio) utilizado para espionar as negociações.

“Eu sabia que havia inimigos da paz, mas nunca pensei que chegaríamos aos extremos de delinquir para sabotar o processo de paz, matando a esperança dos colombianos através de processos ilegais”, disse Santos em entrevista à Bluradio.

Assista ao vídeo abaixo:

Santos, por sua vez, busca se defender da denúncia feita pelo ex-presidente Álvaro Uribe (que apoia Zuluaga e é considerado pelas Farc “o inimigo número um do processo de paz”) sobre o recebimento de dinheiro do narcotráfico para alavancar sua campanha nas eleições de 2010. A acusação causou a renúncia de J. J. Rendón, um assessor do presidente. Instado pelas autoridades a evidenciar suas acusações, Uribe acabou não entregando nenhuma prova.

O ataque mútuo entre os principais candidatos produziu uma confusão entre os eleitores, o que pode ser verificado através das redes sociais no país, que multiplicam as acusações de ambos os lados.

Farc e governo chegam a acordo sobre o tema das drogas

O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram na sexta-feira (16) um acordo sobre as drogas, como parte da agenda de seis pontos das negociações de paz iniciadas em novembro de 2012.

"As delegações do governo e das Farc informam que chegamos a um acordo sobre o quarto ponto (…) terceiro em discussão, denominado Solução para o Problema das Drogas Ilícitas", destacou a declaração conjunta lida por Benítez no Palácio de Convenções de Havana, sede dos diálogos de paz.

Benítez destacou que será uma campanha de erradicação dos plantios de uso ilícito, e que caso alguns camponeses insistam nestes cultivos, haverá uma erradicação forçada, mas de forma manual e não com produtos químicos, atendendo à exigência das Farc.

Permanecem pendentes na agenda de paz o "fim do conflito", "vítimas" e "implementação, verificação e referendo" do eventual acordo de paz que acabará com meio século de um conflito armado.

Crítica da oposição

No dia seguinte ao anúncio do encerramento do tema das drogas na mesa de negociações, Zuluaga, concedeu uma entrevista à AFP afirmando não estar de acordo com a discussão da política antidrogas. “Um Estado legítimo e democrático não discute sua política de combate às drogas”, afirmou o candidato.

Para Zuluaga, o ideal seria “suspender as negociações de paz com as Farc e retomá-las com mão muito mais dura”.

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações de agências de notícias