Censurada pela ditadura, Bienal da Bahia ressurge 46 anos depois

A Secretaria Estadual de Cultura (Secult) marcou para a próxima quinta-feira (26/5) a cerimônia de abertura da 3ª Bienal da Bahia, que ressurge 46 anos depois de ter sido censurada pela ditadura militar, em 1968, considerada subversiva. O evento de lançamento será no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), às 18h, em Salvador.

A 3ª edição da Bienal da Bahia vai 100 dias (29 de maio a 7 de setembro), com uma programação que vai contar com exibições de obras, realização de oficinas, ciclos de filmes, performances, além de debates e encontros com artistas que participam do evento. As atividades acontecerão na capital baiana e em mais de 20 cidades do interior do estado.

Um dos momentos marcantes do evento será a participação do artista plástico Juarez Paraíso, autor de obras censuradas pela ditadura. Para a edição de 2014, o artista reuniu um trabalho de memória, com as peças expostas nas primeiras bienais (ele também participou da primeira, que aconteceu em 1966).

“Essa bienal é um resgate da manifestação cultural do nosso povo e uma necessidade da Bahia em exibir o centro de arte nacional e universal, que o estado já é”, afirmou o Juarez Paraíso, através da Secult. Além dele, também terão obras expostas outros 180 artistas, de mais de 25 nacionalidades, entre eles Lia Robatto, Jota Cunha, Juraci Dórea, Gaio, Maxim Malhado, Camila Sposati e Omar Salomão.

O tema escolhido para a 3ª Bienal da Bahia é a pergunta: “É tudo Nordeste?”, que, segundo a organização, pretende discutir conceitos como regionalismo, determinismo, numa reafirmação da cultura nordestina enquanto plural, através da apresentação da experiência cultural e histórica. 

“A ideia é que haja trocas de saberes, a bienal precisa do público para acontecer, para se relacionar de perto com o que está sendo exibido. Esse é um espaço de compartilhamento de experiências”, explica o curador-chefe e também diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), Marcelo Rezende.

A Secult informou que foram investidos mais de R$ 7 milhões no resgate da Bienal da Bahia, que também faz parte das atividades em memória dos 50 anos do Golpe Militar no Brasil. Informações sobre programação estão no site: www.bienaldabahia2014.com.br.

De Salvador,
Erikson Walla