Após eleições, União Europeia legitima clima de terror na Ucrânia
A União Europeia considera que os resultados das eleições presidenciais de domingo (25) na Ucrânia, que apenas se realizaram em condições próximas das normais na região de Kiev e no ocidente do país, “representam o desejo dos civis ucranianos”.
Por Pilar Camacho, de Bruxelas para o Jornalistas sem Fronteiras
Publicado 28/05/2014 08:54

“O que a União Europeia fez foi abrir as portas para validar todas e quaisquer distorções democráticas desde que correspondam à situação que pretende estabelecer num determinado país”, alerta em Bruxelas um alto funcionário do Conselho Europeu. “Quando se alcançam fins sem olhar aos meios, mais tarde podemos ser vítimas de um efeito de boomerang e a situação na Ucrânia presta-se como poucas a isso”, advertiu.
Leia também:
Otan precisa de uma nova Guerra Fria
Lavrov reafirma disposição da Rússia a dialogar com a Ucrânia
União Europeia tenta persuadir Ucrânia a pagar dívida pelo gás
EUA "validam" eleições pós-golpe na Ucrânia imersa em violência
O comunicado da União Europeia coincidiu com a exigência do aparelho militar e de segurança, nas mãos das organizações fascistas, para que a resistência no Leste do país ao golpe em Kiev “se renda à ofensiva militar em curso”.
A União Europeia pretende também que a Rússia dialogue com o presidente eleito ucraniano, Piotr Poroshenko, que contribua junto da resistência para “aliviar o conflito” no Leste e que afaste as tropas russas da fronteira com a Ucrânia.
“Expressar estes desejos como quem apresenta uma cartilha de imposições a uma potência onde o nacionalismo cresce vertiginosamente é o mesmo que querer o melhor de todos os mundos como se vivêssemos em regime de impunidade absoluta”, afirma o general de um país da Otan em serviço em Bruxelas. O que o general considera “especialmente preocupante” é o fato de, no fundo, as posições da União Europeia “estarem reféns das estratégias dos países da Otan do Leste da Europa, que se limitam a seguir, com total docilidade, as linhas de conduta estabelecidas no Pentágono”.

a favorita IuliaTymoshenko, com 12.39% e Oleg Lyashko com 8.89%. Foto: EPA
A Ucrânia já entrou em regime de gestão pelo Fundo Monetário Internacional e o governo de Kiev deverá em breve promover um referendo sobre a adesão à Otan, mesmo que decorra nas mesmas condições das eleições presidenciais.
A realização do referendo era uma reivindicação da candidata oficialista da União Europeia e de Washington, Iulia Tymochenko, e será por certo adotada pelo eleito Poroshenko – que começou imediatamente a revelar alinhamento pela estratégia decorrente do golpe, principalmente na forma como apoia a vaga de violência e terror lançada sobre o Leste do país.
Fonte: Jornalistas sem Fronteiras