EUA aumentam apoio militar ao governo golpista da Ucrânia contra civis

Os Estados Unidos enviarão apoio militar adicional à Ucrânia e garantirão treinamento às suas forças de segurança e do Exército, prometeu o presidente Barack Obama, nesta quarta-feira (4), em viagem à Europa. A declaração acontece um dia depois da sua promessa de mais US$ 1 bilhão para tropas e exercícios militares no leste europeu, na escalada da presença ocidental agressiva na região em provocação à Rússia e respaldo ao golpe de Estado na Ucrânia e à operação militar de Kiev contra os civis.

Ucrânia - Reuters/Gleb Garanich

Desde março, logo após o golpe que derrubou o governo de Viktor Yanukovich, a Casa Branca já aprovou mais de US$ 23 milhões em “assistência securitária” à Ucrânia e US$ 5 milhões adicionais para “armaduras corporais, binóculos de visão noturna e equipamentos de comunicação adicionais.” Além disso, outras “ajudas” incluíam 300 mil refeições rápidas e financiamento para remédios, capacetes, rádios de mão e outros equipamentos.

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Obama disse que é critico que outros países também apoiem Pietro Poroshenko, o presidente eleito em 25 de maio, e o novo governo da Ucrânia, inclusive ao treinar seus militares e policiais, apesar das denúncias repetidas sobre a violência, no país, de grupos fascistas e neonazistas e da operação militar lançada contra os civis no leste.

Os EUA já enviaram 600 soldados para exercício militares na Estônia, Látvia, Lituânia e Polônia, país por onde iniciou seu tour de quatro dias pela Europa, nesta terça (3). “Como aliados, temos o dever solene – uma obrigação vinculante por tratado – de defender a sua integridade territorial, e nós o faremos,” disse Obama, citado pela agência de notícias Reuters, enfatizando que a Polônia, Estônia, Látvia, Lituânia e Romênia “nunca ficarão sozinhas”.

Em uma reunião em Bruxelas, na Bélgica, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que, como uma aliança, não fornecerá assistência militar à Ucrânia, embora os Estados membros possam fazê-lo individualmente. Ainda assim, o aparato belicoso das potências ocidentais “finalizará um pacote amplo de medidas de longo prazo para tornar as reformas na Ucrânia mais eficazes e suas forças armadas mais fortes.”

O secretário-geral da organização, Anders F. Rasmussen, disse que os membros da aliança militar “concordamos que continuaremos reforçando a defesa coletiva da Otan com mais patrulhas aéreas e marítimas e mais exercícios e treinamentos, desde o Mar Báltico até o Mar Negro e o Mediterrâneo.

Violência e resistência no leste

Obama classificou a vitória eleitoral do magnata Poroshenko como uma “seleção sábia”, enquanto os planos dos EUA para a Ucrânia incluem, segundo Obama, a redução da “dependência econômica” ucraniana da Rússia. Poroshenko, que se reuniu com Obama, assumirá o cargo de presidente no sábado (7).

Enquanto isso, a situação no leste e no sudeste da Ucrânia se deteriora devido à operação militar ainda mantida contra os civis que se recusam a reconhecer a legitimidade do golpe de Estado. A força aérea ucraniana disparou mais de 150 mísseis na região de Lugansk, segundo fontes oficiais, apenas na segunda-feira (2).

Em Donetsk a situação também deteriorou, com confrontos entre as tropas de Kiev e as milícias locais de autodefesa. Em dois dias, o governo enviou caças e helicópteros para atacarem o aeroporto internacional.

O número de mortes resultantes da operação militar, até agora, é de 181 pessoas, inclusive 59 das tropas do regime. Outros 293 ucranianos ficaram feridos. As estimativas foram anunciadas pelo próprio promotor-geral da Ucrânia, Oleg Makhnitsky, na terça (3). Entretanto, ainda não está claro se o número de mortes inclui também as forças de autodefesa.

Nesta quarta (4), o porta-voz da operação militar de Kiev, denominada “antiterrorista”, disse que 300 residentes locais parte das milícias de autodefesa, no leste, foram mortos nas últimas 24 horas, mas os membros dos grupos negaram os números e afirmaram que as suas perdas, no último dia, foram de dois mortos e 45 feridos.

Da Redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today