Nacionalistas perdem força na Rússia depois da crise na Ucrânia

A crise política na Ucrânia provocou mudanças na sociedade russa e, em particular, em sua percepção sobre o nacionalismo. A maioria dos russos considera que em Kiev ocorreu um golpe de estado de caráter nacionalista e fascista e não uma revolução democrática, segundo relata a edição desta segunda-feira, 16, do jornal Kommersant, citando uma pesquisa feita no país com 1.500 pessoas.

Nacionalismo russo em crise por causa da Ucrânia

Segundo os resultados do estudo, 49% dos entrevistados acham que os russos na Ucrânia devem lutar contra todas as manifestações de nacionalismo em vez de fundar organizações que defendam exclusivamente seus direitos como minoria étnica. Ao mesmo tempo, 53% acreditam que no país vizinho aconteceu um golpe de estado de verniz nacionalista, inclusive com a participação de neonazistas, e não uma revolução democrática, como sustentam os apoiadores do governo que subiu ao poder após a destituição do Presidente Viktor Ianukovitch.

Ainda de acordo com a pesquisa, atualmente 58% dos russos rejeitam o nacionalismo, enquanto que, apenas um ano atrás, esse percentual não ultrapassava 50%. Os autores do estudo ressaltam que existem muitos jovens entre os simpatizantes dos nacionalistas, enquanto que os adultos, especialmente os que viveram na União Soviética, costumam associar o nacionalismo ao chauvinismo fascista.

A pesquisa também revelou uma diminuição no percentual de russos que defendem a introdução de um regime de vistos com os países da Ásia Central e do Sul do Cáucaso. Em 2013, 72% eram a favor da introdução de vistos com o Tajiquistão e o Uzbequistão. Este ano, o número caiu para 56%.

Os especialistas atribuem essas mudanças à "campanha antinacionalista” que tomou a mídia russa após o início da crise na Ucrânia. O exemplo do país vizinho mostrou aos russos que a questão nacionalista guarda em si mesma um alto potencial de conflitos capazes de levar o país à beira da guerra civil.

Fonte: Diário da Rússia