Israel intensifica agressão contra Palestina; cinco pessoas morreram

O aumento da violência na Cisjordânia e da ocupação vinha sendo denunciado repetidamente, inclusive com os ataques dos colonos de Israel, impunes, contra residentes e propriedades palestinas. Entretanto, a abdução de três colonos mobilizou o governo agressivo de Israel e restringiu ainda mais a vida na Palestina, com centenas de detenções e a morte de cinco pessoas, enquanto observadores preveem um novo levante popular.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Palestina - Reuters

Nesta terça-feira (24), o Conselho de Ministros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) voltou a condenar a escalada da agressão israelense e a “punição coletiva” do povo palestino, enquanto o desaparecimento de três jovens do bloco de 22 colônias ilegais, Gush Etzion, com mais de 70 mil habitantes, completa a segunda semana.

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De acordo com a agência palestina de notícias Maan, que cita a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, cerca de 520 pessoas já foram detidas e cinco palestinos foram mortos na ofensiva lançada por Israel contra os territórios que ocupa militarmente. Entre os detidos estão membros do Conselho Legislativo Palestino e diversos ex-prisioneiros, inclusive os que haviam sido liberados em acordos recentes.

Além disso, o número de detenções administrativas dobrou, levando ainda mais palestinos à prisão sob esta categoria arbitrária que permite, através de três leis diferentes, o encarceramento por períodos renováveis de seis meses, sem contato com a defesa e sem julgamento. Até esta segunda-feira (23), 104 palestinos foram detidos "administrativamente" apenas na última semana, de acordo com a organização palestina de defesa dos direitos dos prisioneiros, Addameer. Ao todo, mais de 5.200 palestinos estão presos em cárceres israelenses.

A agência Maan também citou palestinos que denunciaram a violência de colonos israelenses contra residentes na região de Ramallah, cidade administrativa da OLP recentemente ocupada pelas tropas de Israel. De acordo com as fontes locais, no domingo alguns colonos dispararam contra nove palestinos que trabalhavam em pedreiras na área, mas nenhum dos agressores foi perseguido. Mais cedo, colonos também atacaram palestinos que participavam do funeral de Muhammad Tarifi, morto pelas tropas israelenses no domingo (22).

Já na Faixa de Gaza, a denúncia é contra o aumento de ataques aéreos e a destruição de diversas estruturas, assim como o endurecer do bloqueio imposto por Israel ao território há sete anos, que deixa a população extremamente vulnerável.

Condenar Israel por violações do Direito Internacional Humanitário

O Conselho de Ministros apelou aos signatários das Convenções de Genebra, relativas ao Direito Internacional Humanitário, que realizem uma reunião de emergência e formem um comitê investigativo. A liderança palestina também instou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a organizar uma sessão para analisar as violações israelenses das convenções humanitárias e do direito internacional. O ministro palestino das Relações Exteriores Riyad al-Maliki já havia instado a sociedade internacional, na segunda-feira (23), a agir contra a agressão israelense e proteger o povo palestino.

O chanceler, citado pela agência palestina de notícias Wafa, voltou a denunciar que a operação israelense não tem como objetivo apenas encontrar o três colonos desaparecidos, mas principalmente aniquilar a infraestrutura do Estado palestino e impedir o trabalho do novo governo de unidade nacional, formado após um acordo recente de reconciliação entre a OLP e o Hamas, movimento à frente do governo de Gaza após a ruptura política na Palestina, há sete anos.

As ameaças do governo israelense contra o acordo de reconciliação nacional e a reintegração do Hamas – que classifica de “organização terrorista” – foram abundantes. Entre as “advertências”, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu havia dito que responsabilizaria a Autoridade Nacional Palestina (ANP) por “qualquer ataque lançado desde Gaza” e que trabalharia para impedir a participação do Hamas no governo e nas eleições previstas para o fim do ano, de acordo com o jornal israelense Haaretz.

Além das mortes de dois jovens palestinos durante o fim de semana, um de 14 e outro de 22 anos, outros três palestinos foram mortos na semana anterior, na grande operação militar – a maior desde a Segunda Intifada (levante palestino contra a ocupação, impulsionada em 2000) – que foi lançada em 13 de junho.

Enquanto isso, diplomatas como o chanceler do Reino Unido, William Hague, e representantes das Nações Unidas apelaram a Israel e aos palestinos que se “contenham”, demonstrando preocupação com um terceiro levante palestino contra a violência da ocupação israelense e – embora tenham "condenado" a campanha de detenções arbitrárias, mortes e demolição de casas palestinas –  garantindo a impunidade do governo agressivo de Israel.