Palestinos suspendem greve de fome contra detenções arbitrárias

Os jornais da Palestina focaram suas edições de quinta-feira (26) na suspensão da greve de fome mantida durante quase dois meses por cerca de 120 prisioneiros palestinos, em protesto contra a arbitrariedade das suas detenções e as condições enfrentadas nas prisões israelenses, com frequentes denúncias de tortura. Recentemente, o aumento da atuação militar israelense nos territórios palestinos levou mais 566 pessoas à prisão e o número de “detenções administrativas” dobrou.

Soldados de Israel Hebron - AFP

No final de abril, mais de 100 dos cerca de 5.200 prisioneiros palestinos em cárceres israelenses anunciaram a greve de fome contra a “detenção administrativa”, um dispositivo ilegal sob o direito internacional, mas garantido por três leis israelenses diferentes. Trata-se da permissão para a detenção de “suspeitos” por períodos indefinidamente renováveis de seis meses, sem acusação formal ou julgamento e, frequentemente, sem contato direto com a defesa.

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De acordo com o jornal palestino Al-Quds, o Serviço Prisional de Israel, que gere as prisões israelenses na Cisjordânia palestina ocupada, concordou em suspender as penalizações contra os que mantivessem a greve de fome.

Em entrevista recente ao Portal Vermelho, Itamar Barak, coordenador do Centro Israelense para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados B’Tselem, disse que o pico atingido pelas autoridades israelenses na “detenção administrativa” dos palestinos foi o ano de 2004, com 863 pessoas encarceradas. No início de 2014, havia cerca de 180 palestinos detidos sob esta categoria.

Entretanto, um comunicado desta quinta do Clube de Prisioneiros Palestinos (PPC) informa que, durante a operação israelense nos territórios ocupados lançada em 12 de junho, alegadamente em busca de três colonos sequestrados, 566 palestinos já foram detidos, inclusive cerca de 10 parlamentares e diversas pessoas libertas conforme acordos recentes entre Israel e a Palestina.

Samer Issawi, que ficou preso por 17 meses sem acusação e enfrentou 266 dias de greve de fome, foi novamente detido na segunda-feira (23), de acordo com a sua família, apenas seis meses após ser liberto. Seu caso e o de seus irmãos,também frequentemente detidos por longos períodos, levam vizinhos e fontes locais a indagarem sobre a perseguição das forças israelenses à sua família.

Os detalhes do acordo alcançado entre o sistema prisional israelense e os prisioneiros em greve de fome ainda não foram divulgados. Apesar do anúncio de suspensão do protesto e de um apelo das Nações Unidas, o Parlamento israelense (Knesset) continua avançando na promoção de uma lei que permita a alimentação forçada dos prisioneiros em greve de fome, de acordo com a agência palestina de notícias Wafa.

Além disso, duas novas mortes elevam o número de vítimas da ocupação israelense a sete nos últimos dias. Um jovem foi morto em Qalaniya, na Faixa de Gaza, devido aos ataques aéreos de Israel, e uma senhora morreu a caminho do hospital, impedida de passar por um posto de controle militar israelense, na região de Nablus.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da Wafa