Ameaça de Poroshenko coloca em dúvida diálogo na Ucrânia

A nova rodada de conversas para uma solução ao conflito no sudeste da Ucrânia anunciada para esta sexta-feira (27) ficou em dúvida depois da ameaça feita quinta-feira (26) pelo presidente Pioter Poroshenko de reiniciar bombardeios na região.

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Poroshenko exigiu que as autoridades da União de Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, constituída nesta quinta-feira, e suas autodefesas se rendessem e submetessem a seu plano de paz, denunciado como parte de um projeto de limpeza étnica com respeito à população russo-parlante.

"[Vocês] Têm 12 horas para um cessar fogo e se somarem ao plano de paz. Caso contrário 'se tomará uma solução lógica' ", disse Poroshenko ao responder uma pergunta dos deputados da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa em Estrasburgo, segundo Ukrinform.

"Se recusarem nossas propostas, em 12 horas se tomará uma decisão", disse em alusão a retomada da repressão contra o sudeste por milhares de efetivos com aviação, blindados, lança-míssieis múltiplas, armas pesadas e até bombas proibidas por convenções internacionais.

Em contraste, na mesma jornada, o ex-presidente ucraniano Leonid Kutchmá informou à imprensa que a nova rodada de conversas sobre a normalização da situação nas zonas insubordinadas depois do golpe de estado de 22 de fevereiro pode ser realizado nesta sexta-feira.

"Sábado vamos continuar este processo", disse aos jornalistas sem determinar onde seria esse diálogo.

A cidade de Donetsk, capital da autoproclamada República Popular do mesmo nome, foi cenário no dia 23 de junho das primeiras conversas entre emissários de Kiev e líderes dos dois territórios rebeldes.

Para o líder das milícias de Donbass, Miroslav Rudenko, o plano de paz de Poroshenko foi uma mera declaração, pois na prática as ações combativas não cessaram "nem uma hora".

Em um comentário em seu blog do Facebook, o governador popular de Donbass, Pavel Gubariov, no entanto, reiterou que em todas as direções em territórios das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk estão acontecendo ataques com armamento pesado.

Disse que as autoridades da Ucrânia não cumpriram com nenhum dos compromissos anunciados e desde o começo violaram as condições da trégua.

Fonte: Prensa Latina