Rumo ao leste, UE assina acordos com Ucrânia, Geórgia e Moldávia
A União Europeia (UE) assinou acordos de associação com a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia, nesta sexta-feira (27), em Bruxelas, Bélgica. Apesar das amplas críticas às políticas europeias, sobretudo em tempos de crise profunda, respondida com arrocho e empobrecimento, o presidente do Conselho Europeu, Herman Von Rompuy, referiu-se ao momento da assinatura como "uma data de importante significado para a Europa" e disse que os três países, "a partir de hoje, terão maior apoio da UE."
Publicado 27/06/2014 10:32
Em comunicado divulgado pelo portal da UE, José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (órgão executivo do bloco), disse que os três países, ao assinarem o acordo de associação, reconheciam “o progresso significativo feito nos anos recentes” e demonstravam a “firme determinação política para aproximarem-se da União Europeia”.
Barroso ainda indicou que os três líderes do Leste europeu compartilham com a UE a visão de “um modelo econômico próspero” e de “valores europeus”. Os acordos, continua o presidente, “são o resultado lógico e natural em um caminho iniciado há mais de 20 anos, quando estes países tornaram-se Estados independentes e soberanos,” um ponto crucial na “política de Parceria Europeia que estabeleceu o objetivo de alcançar a associação política e integração econômica”.
Para diversos críticos a um processo impositivo, principalmente no âmbito econômico, trata-se de novos moldes narrativos para o imperialismo europeu, exercido principalmente pela Alemanha, mas também pela França e pelo Reino Unido, através de um bloco composto atualmente por 28 membros. Além disso, as palavras de Barroso podem ser consideradas indicações à Rússia, que o grupo europeu ocidental acusa de tentar dominar o leste.
Em contexto de crise financeira, econômica e ainda política e social, o posicionamento tecnocrático da liderança e a imposição de políticas de arrocho pelos credores da troika Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, revelam um quadro mental sobre a “integração” que resultou no empobrecimento generalizado dos trabalhadores europeus, enquanto o enriquecimento rompante das elites também é verificado.
Os resgates bilionários direcionados sobretudo ao setor privado em países como a Espanha, Portugal, Itália e Grécia são justificados com o pretexto do incentivo ao investimento e o aumento dos postos de trabalho, mas o desemprego ainda é estimado em taxas recorde, principalmente entre os jovens, enquanto a erosão do Estado de bem-estar social é a consequência mais visível do arrocho baseado nos cortes orçamentários no setor social.
No âmbito político, a extensão da União Europeia para o Leste europeu também é percebida por críticos como um avanço de cerco com mira na Rússia. No final do ano passado, por exemplo, a recusa do governo ucraniano de Viktor Yanukovich em assinar um acordo de livre comércio com a UE e avançar para a eventual adesão da Ucrânia ao bloco é analisada como o estopim para as manifestações logo cooptadas neste sentido.
com um dos líderes da oposição de direita, Arseny Yatsenyuk, do Partido da Pátria, que incitou
manifestações contínuas e violentas contra o governo no fim de 2013.
(Foto: Vostock-Media/Reuters)
Yanukovich acabou removido do poder por um golpe apoiado pelas potências europeias e pelos EUA em fevereiro deste ano, enquanto também analisava a assinatura de um importante acordo aduaneiro com a Rússia e a Bielorrússia.
As recentes eleições para o Parlamento Europeu, embora tenham significado importantes vitórias para a esquerda em países específicos, revelaram um quadro dividido em que a extrema-direita, inclusive de influências fascistas e neonazistas, também galgou espaço preocupante em países como a própria Alemanha e a França.
Por isso, além das políticas da direita e de conservadores entranhados na arquitetura europeia, em que o empobrecimento popular é consequência das políticas à medida da elite financeira, a volta do fascismo normalizado é de grave preocupação, enquanto a UE estende-se para o leste.
Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho