Governo da Ucrânia retoma operação militar e Rússia rechaça ingerência

O governo ucraniano decidiu relançar a operação militar contra o leste, nesta terça-feira (1º), após um breve período de cessar-fogo. A retomada foi anunciada já com bombardeios aéreos e terrestres, enquanto o presidente Petro Poroshenko afirmava: “Atacaremos e libertaremos a nossa terra”. A Chancelaria russa instou Kiev a reconsiderar a decisão e exigiu que os governos que apoiam a violência deixem de usar a crise ucraniana para seus "jogos geopolíticos".

Ucrânia - Reuters / Yannis Behrakis

“A partir desta manhã, a fase ativa da operação antiterrorista foi retomada. Nossas forças estão conduzindo ataques”, anunciou Aleksandr Turchinov, presidente do Parlamento, citado pela emissora Russia Today. A vizinha Rússia pediu que o governo ucraniano, em Kiev, suspendesse os ataques militares contra as cidades do leste e anunciasse um novo cessar-fogo que fosse real, e não uma pausa declarada das hostilidades.

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Relatos de confrontos noturnos e explosões foram feitos na manhã desta terça em Donetsk, capital da região homóloga. Os embates começaram no centro da cidade, próximos a uma delegacia de polícia controlada pelas milícias de autodefesa. Houve feridos naquela região e também em Kramatorsk, onde um ônibus foi incendiado; quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas, de acordo com fontes locais.

Bombardeios pesados também foram noticiados desde Slavyansk, a região de concentração dos grupos de autodefesa que tem sido o foco da operação militar ucraniana contra o leste insurgente. A retomada dos ataques suscitou novamente a revolta dos civis no local, cujas casas e famílias também ficaram em meio ao fogo cruzado e de ataques aéreos das forças armadas ucranianas.

Outros danos à infraestrutura foram relatados em Donetsk, como no caso das ferrovias, que têm sido destruídas pelos bombardeios do Exército, enquanto também são relatados ataques a Lugansk.

A violência foi retomada a partir da suspensão do cessar-fogo – que já havia sido violado em pontos específicos – anunciada pelo presidente ucraniano para a meia-noite desta segunda-feira (30). A Chancelaria russa criticou a decisão de Poroshenko e o prejuízo para os esforços de diálogo, impulsionados pela Rússia, Alemanha e pela França.

A Rússia acusou Kiev de renegar os planos para uma resolução política para a crise, discutidos durante algumas negociações, que também envolveram representantes do leste ucraniano, da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE) e a Rússia. Para a Chancelaria russa, a decisão pela volta à operação militar foi tomada por Poroshenko com a influência estrangeira, principalmente de governos contrários à posição tomada por grande parte da liderança da União Europeia.

“Novamente, estamos instando as partes a pararem de usar a Ucrânia como moeda de barganha em seus jogos geopolíticos e para deixarem de impor uma linha criminosa para a supressão de um movimento de protesto através da força,” disse a Chancelaria russa em um comunicado.

Com informações da Russia Today,
Tradução da Redação do Vermelho