Oposição iraniana apoiada pelos EUA e pela UE se junta a terroristas

Grupos armados da oposição iraniana apoiados pelos Estados Unidos e por países da União Europeia e da Otan integram os contingentes do Exército Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), grupo extremista que combate nas guerras civis iraquiana e síria, respectivamente contra os governos em Bagdá e Damasco.

Por Sylvie Moreira, de Paris para o Jornalistas sem Fronteiras

Irã União Europeia Reino Unido - News Letter

A existência dessa autêntica “frente anti-xiita” foi confirmada há poucos dias durante uma reunião realizada em Paris para apoiar os chamados Mujahidines do Povo, uma organização armada que combate há muito o regime teocrático de Teerã.

Este grupo, financiado pelos Estados Unidos, França e outros países da Otan e União Europeia, dispõe de uma base militar no Iraque, em Asharaf, desde os tempos das boas relações entre Washington e nações da União Europeia com o regime iraquiano de Saddam Hussein.

“A reunião de apoio aos Mujahidines do Povo na região de Paris teve este ano um significado muito especial”, explica um opositor iraniano residente na capital parisiense, mas que não se identifica com “os que querem trocar o regime dos aiatolás pela submissão aos Estados Unidos e aliados”. Esse significado especial, segundo a mesma fonte, "deve-se à confirmação da aliança entre os Mujahidines, que desde as origens se diz um grupo laico – para se distanciar da teocracia de Teerã – e o terrorismo fundamentalista sunita”.

Identificando-se apenas como Ramin, o opositor iraniano afirma que “para muitos entre nós que ainda podiam ter ilusões quanto aos objetivos e caráter dos Mujahidines, a realidade tornou-se nua e crua: eles fazem parte de um universo de marionetes manipuladas por Estados Unidos, Israel e seus aliados que lançam sunitas contra xiitas para criar aquilo a que chamam ‘um novo Oriente Médio’, uma nova organização de países e governos dóceis aos interesses dominantes e corrompidos pelos imensos negócios de matérias primas e recursos naturais”.

Zarine Rostani, professora francesa de origem iraniana que acompanhou a reunião de apoio aos Mujahidines do Povo, realizada na sexta-feira (27/6) em Villepinte, sublinhou o fato de a presidente do grupo, Maryam Rajavi, ter utilizado o seu discurso para atacar o primeiro ministro iraquiano Nouri al-Maliki, pela sua “aliança com o regime de Teerã”, e elogiar o Exército Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) por “seus avanços no Iraque”.

Rostani confirmou que grupos armados dos Mujahidines combatem na Síria e no Iraque ao lado do EIIL. “Confesso que para mim foi muito estranho ouvir os elogios ao EIIL feitos na presença de tão ilustres figuras mundiais cujos países e as imprensas consideram os membros desse grupo como terroristas islâmicos dos mais ferozes que existem”.

Entre as “figuras mundiais” que participaram na reunião estiveram, segundo Zarine Rostani e alguma comunicação social francesa, o ex-ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, um dos maiores responsáveis pelo desmantelamento da antiga Iugoslávia; o ex-primeiro ministro espanhol, do Partido Socialista, José Luís Zapatero; o general estadunidense William Casey, que foi comandante da invasão militar para “libertar o Iraque” e criar a situação atual; o antigo presidente do município de Nova York, Rudy Giuliani; e o general Hugh Shelton, antigo chefe do Estado Maior dos Estados Unidos.

*Título original: "Oposição iraniana apoiada por Washington junta-se ao terrorismo sunita"

Fonte: Jornalistas sem Fronteiras