Quais princípios, camaradas?!

 

Há um intenso debate nas redes sobre a decisão que a Convenção Estadual do PCdoB/SC aprovou dia 28/06, a Comissão Política referendou e encaminhou para aprovação da Direção Nacional. Realizamos este debate desde o final da eleição de 2012, quando na reunião do Pleno do Comitê Estadual decidimos construir chapa própria para deputado/a estadual e buscar eleger deputado/a federal no estado. Em todas as reuniões do pleno nós discutimos e procuramos alertar os/as camaradas para as dificuldades que teríamos em 2014, caso não construíssemos coletivamente tal projeto. Prevíamos ter graves dificuldades com o PT e que deveríamos discutir alternativas. 
No início de 2013 iniciamos a discussão sobre o significado da criação do PSD, surgido das entranhas do DEM para apoiar o governo Dilma, o que aconteceu desde então. E seus reflexos na política catarinense, pois abrigava uma série de reacionários e a oligarquia Bornhausen. Esta logo buscou um caminho anti Dilma, se travestindo de socialista. O debate sobre o PSD e Colombo ficou parado até 05/10/2013, fim do prazo de filiação para a disputa de 2014.
No 13º Congresso do PCdoB, nas reuniões seguintes da Direção Nacional e na Convenção Nacional de 27/06 ficou decidido que o projeto, o objetivo político do PCdoB em 2014 é: Reeleger Dilma presidenta; Eleger Flávio Dino governador do Maranhão e ampliar a bancada de deputados/as federais e senadores. Esta decisão é que deve nortear toda a ação do Partido nos estados. Ou seja, este é o princípio orientador de nossa política eleitoral em 2014.
A decisão da Convenção Eleitoral de SC foi autoritária? Golpista? Sua decisão fere os princípios partidários? Nega a história heróica do PCdoB? Vamos aos fatos.
1º – O projeto do PCdoB de SC, aprovado no início de 2013 foi de reeleger Dilma presidenta; eleger Angela Albino dep. federal e manter a cadeira que o PCdoB tem na Alesc. Informações e discussão sobre o andamento do mesmo pautaram todas as reuniões do Comitê Estadual e da Comissão Política, quase sempre ampliadas para permitir maior participação e debate.
2º – O núcleo do Secretariado realizou plenárias e reuniões para debater o assunto em praticamente todas as regiões e principais cidades do Estado, ouvindo, opinando e debatendo. Houve intensa discussão no Partido, nos últimos meses, buscando o consenso interno. Muitos/as camaradas, por motivos diversos, não participaram, mas o debate aconteceu sempre focado em nosso projeto.
3º – Além da presença de membros do CC em quase todas as nossas reuniões de direção, o núcleo dirigente estadual reuniu com o Secretariado do CC ½ dúzia de vezes, para dar informações, ouvir opiniões e sugestões de como caminhar. O Comitê Central acompanhou e nos ajudou nesse debate. Fez parte desta construção.
4º – Nossa Convenção Estadual elegeu 57 delegados nos municípios, dos quais 51 retiraram o crachá e cerca de 50% usaram da palavra. Foram convidados/as a participar da Convenção todos os membros do Comitê Estadual e os suplentes eleitos nos municípios. Na votação para a coligação com Colombo 35 delegados a aprovaram com apenas 4 votos contrários. Onde a falta de democracia?

Por que Colombo e não Vignati?
Ir com um ou outro candidato não é questão de princípio, mas uma questão política, em que o Partido visa se fortalecer e acumular forças. Na realidade nós estamos com o PT, pois Dilma é PT e em SC ela escolheu Colombo como seu palanque para se reeleger. Sem entrar no exclusivismo e a forma desrespeitosa com que o PT/SC, em geral nos trata, nossa adesão ao mesmo significaria abrir mão de nosso projeto eleitoral, pois não há nenhuma possibilidade de manter nossa cadeira na Alesc e eleger federal nos coligando com o PT, que não agregou nenhum outro partido, que permitisse uma coligação proporcional alternativa para elegermos nossos candidatos.
Nós vamos com Colombo para fortalecer o palanque da Dilma em SC e na coligação com os pequenos partidos – Frente Popular de 6 partidos (PCdoB, PDT, PTB, Pros, PV e PSDC) – procurar eleger até dois deputados estaduais e eleger federal. É uma aliança eleitoral, conjuntural, que não implica nenhum compromisso mais permanente. Adiantamos ao governador que não há condições dos comunistas fazerem campanha para o mesmo junto ao funcionalismo público, na Casan e em Chapecó pelo autoritarismo e insensibilidade com que fomos tratados neste governo.
Camaradas, é natural que tenhamos opiniões e divergências políticas, mas é preciso expressá-las nos momentos devidos e nos fóruns adequados. Então são salutares para o Partido. Estamos nos descolando do grupo do Vignatti não do PT de Dilma e do projeto das mudanças.Nos momentos de dar uma virada política com vistas ao nosso crescimento precisamos ter serenidade e separar o que são princípios, de ajustes políticos necessários para buscar acumular forças e avançar na caminhada. A unidade partidária de ação, o centralismo democrático, estes sim são princípios que devemos preservar. Para avançar e aprofundar as mudanças precisamos de uma esquerda forte. E não há uma esquerda forte sem um PCdoB forte. Por isto todo empenho na busca de nossos objetivos.
Saudações socialistas!

Divo Guisoni – Sec. Estadual de Organização.