Coreia Popular apela ao sul por melhor relação e denuncia ingerência

O governo da República Popular Democrática da Coreia (RPCD) divulgou um documento, nesta segunda-feira (7), no 20º aniversário da declaração sobre a reunificação da Península Coreana, assinada em conjunto com os líderes sul-coreanos. “O norte e o sul devem colocar um fim ao temerário estado hostil e de confrontação, abrindo o caminho para a reconciliação e a unidade,” afirma o texto. O Comitê Central da Frente Democrática para a Reunificação da Pátria também emitiu uma nota a respeito.

Arco da Reunificação - RPDC

A Coreia Popular tem afirmado reiteradamente a urgência e a sua disposição para a melhoria das relações intercoreanas, não apenas para a manutenção da paz e da estabilidade regionais, mas visando à reunificação da Península, também almejada pelos sul-coreanos.

A declaração desta segunda foi emitida pela Frente Democrática para a Reunificação da Pátria, formada por três partidos e vários grupos sociais, liderada pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia, à frente do governo.

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Ainda em 1948, a liderança da Coreia instou o povo, no norte e no sul, a lutarem contra as eleições fracionadas “do imperialismo norte-americano e seus lacaios”, que haviam tomado a situação após a queda do domínio japonês sobre a península, no pós-Segunda Guerra Mundial. O projeto estadunidense de fragmentação coreana, segundo historiadores, datava ainda antes do fim da guerra, o que revela apenas um episódio da política de sabotagem norte-americana à reunificação coreana.

Mas a liderança buscava uma saída para a crise da divisão nacional na unidade de todas as forças patrióticas, tomando várias medidas práticas para este fim. Um exemplo foi a realização da Conferência Conjunta do Norte e do Sul, em Pyongyang, ainda naquele ano, com foco sobre a situação polícia criada na Coreia e em uma medida para desenvolver a luta nacional e construir um Estado reunificado, soberano e independente, estabelecendo um governo unificado sobre o princípio democrático.

No mesmo ano, em 9 de setembro de 1948, foi proclamada a RPDC – a partir das eleições gerais realizadas no norte e no sul – e, subsequentemente, a Frente Democrática para a Reunificação da Pátria. No ano seguinte, a conferência da Frente contava com a participação de 71 partidos políticos e entidades sociais de toda a Coreia, sobretudo para a mobilização anti-imperialista e contrária à aliança de alguns líderes sul-coreanos com os EUA.

Na década de 1950, outros posicionamentos e, inclusive, o 3º Congresso do Partido do Trabalho da Coreia, indicavam a orientação de reunificação pacífica e independente. Em 1961, constituiu-se também o Comitê pela Reunificação Pacífica da Pátria e, em 1972, representantes sul-coreanos visitaram Pyongyang para participar nas conversações políticas para estabelecer os Princípios da Reunificação da Pátria, a partir dos quais se publicou a Declaração Conjunta.

Empenhos pela reunificação nacional pacífica e independente

Quando as relações intercoreanas se encontravam em crise devido à ameaça nuclear dos Estados Unidos, a liderança da Coreia Popular, presidida por Kim Il-Sung, decidiu avançar nos esforços para a reunificação. Diante da Assembleia Popular Suprema, em 1993, Kim proclamou o “Programa de Dez Pontos da Grande Unidade Panacional para a Reunificação da Pátria”, com o último documento assinado por ele, neste âmbito, datado de 7 de julho de 1994, com um projeto para a fundação da República Federal Democrática de Coryo.

Em 2000 realizou-se pela primeira vez nos 55 anos de divisão nacional, em Pyongyang, a Cúpula Norte-Sul, quando foi publicada a histórica Declaração Conjunta de 15 de junho. Outros documentos neste sentido foram aprovados nos anos seguintes, pela causa da reunificação coreana.

Nesta segunda-feira (7), o governo da Coreia Popular também declarou uma posição de princípios para a melhoria das relações intercoranas, onde insta as autoridades sul-coreanas a tomarem “a decisão audaz de mudar a política de confrontação” e a abandonarem “o ideal hostil anacrônico,” suspendendo os exercícios de guerra provocativos com os Estados Unidos.

O documento afirma também que as duas Coreias devem rechaçar a dependência das forças estrangeiras e resolver todos os problemas nacionais, sem permitir as ações injustas das forças externas que tendem a intervir nos assuntos internos da nação, enfrentando as de forma unificada.

O projeto de reunificação a ser empreendido pelo norte e pelo sul deve ser bem recebido por todos os nacionais e garantir a prosperidade conjunta, correspondendo à aspiração e demanda de todos os coreanos pelo sistema federal de reintegração que respeite as diferentes ideologias e regimes do país. Além disso, o texto enfatiza a urgência da melhora das relações intercoreanas para este projeto, superando a desconfiança e os mal-entendidos.

“Expressamos a esperança de que todos os compatriotas apoiem ativamente e de que as autoridades sul-coreanas respondam à posição de princípios do governo da RPDC, a partir da sua nobre responsabilidade de abrir o novo caminho das relações Norte-Sul e da reunificação independente,” conclui a declaração.

Da Redação do Vermelho