Política industrial deve discutir o modelo de país, afirma dirigente
O setor automobilístico reduziu a marcha, atingido por fatores estruturais (reestruturação produtiva em várias fábricas) e conjunturais (queda das exportações para a Argentina, estrangulamento dos programas de financiamento governamentais, aumento do IPI). Uma das regiões mais atingidas pela redução das vendas foi o ABC paulista, onde a ameaça ao emprego na categoria levou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a fechar acordos emergenciais para garantir postos de trabalho nas fábricas.
Publicado 09/07/2014 11:03
Em entrevista a Rede Brasil Atual o diretor do sindicato Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, 55 anos, na base há 29 (entrou na Volkswagen em 1985 e na Ford em 1990), o debate passa por uma discussão mais profunda sobre o modelo de país. “Conseguimos uma articulação maior com setores empresariais e o próprio governo tem mostrado disposição de fazer isso”, comenta.
De acordo com o dirigente, "o país atravessa uma crise porque o ABC é um polo muito forte de produção automotiva. Ford, Mercedes e Scania enfrentam dificuldades no setor de caminhões. Já na Volks a dificuldade está no fim da produção da Kombi e do Gol geração 4. Lógico que temos uma expectativa de retomada do setor, principalmente após a Copa do Mundo, mas isso exige uma negociação maior. Por enquanto discutimos com o governo federal o programa de renovação da frota de caminhões, que começa com 30 mil unidades financiadas por ano. Se conseguirmos fechar esse acordo, com certeza teremos um plus na produção".
Ele refletiu sobre a política industrial e afirmou que "este governo nos ouviu e nos recebeu quando fizemos o debate do programa Inovar Auto, o novo regime automotivo que está em curso dentro do Programa Brasil Maior. O governo federal criou um regime que pode absorver empresas produtoras e torná-las fabricantes de veículos, desde que invistam em pesquisa, engenharia, tecnologia, inovação, ferramentas e ferramentaria".
E completou: "O Inovar Auto criou ainda um programa de conteúdo regional, determinando que todos os carros fabricados tenham 60% de peças nacionais. Isso dá um impulso ao setor de autopeças, que teve no ano passado um déficit comercial de quase US$ 10 bilhões. Agora, em 2014, foi assinado decreto que permite rastrear todo o conteúdo de peças nacionais que vão no veículo. São programas de política industrial. É uma ação do governo federal, e os estados não estão entrando".
Da Redação
Com informações das agências