Polícia fascista de Kiev se apropria de dados do avião abatido

Os serviços secretos do regime da Ucrânia (SUB), comandados pela componente governamental fascista, tomaram conta das gravações das comunicações entre os controladores aéreos e a tripulação do vôo MH17 da Malaysian Airlines e poderão ter em seu poder duas das caixas negras do aparelho.

Por Urszula Borecki, de Kiev, e Castro Gomez, de Donetsk para o Jornalistas sem Fronteiras

Avião Malásia - AFP / Alexander Khudoteply

Caso estas informações, obtidas de fontes fidedignas, se confirmem em absoluto, os elementos de inquérito que venham a chegar às mãos dos investigadores designados pelas instâncias internacionais poderão já ter sido manipuladas por aqueles que, de acordo com os fatos depurados da propaganda midiática e das teses dos “especialistas” sintonizados com a tutela do regime de Kiev, são os responsáveis pelo abate do avião.

As gravações das comunicações entre os controladores aéreos e os tripulantes são fundamentais para se compreender o que se passou. Os elementos revelados por um controlador espanhol da torre de Kiev na sua conta de Twitter demonstram o seguinte: o avião foi abatido por um míssil Buk manejado por militares às ordens do Ministério do Interior da Ucrânia (sob comando fascista), sem conhecimento do Ministério da Defesa; o ministro do Interior, Anton Gerashenko, anunciou nos seus meios de propaganda que o avião foi abatido por um míssil apenas 10 minutos depois de o aparelho ter desaparecido dos radares; o governo da Ucrânia teve em seu poder, 23 minutos depois da tragédia, um relatório elaborado pelos militares presentes na torre de controlo na qual estes reconhecem que o avião foi abatido um míssil disparado por forças governamentais.

“Tudo o que as autoridades de Kiev disserem e que não coincida com estes fatos é mentira e distorção”, assegura a jornalista Natalya Komarova, que continua a investigar profundamente os acontecimentos. “Recordo”, acrescentou, “que o procurador geral Yarema afirmou às instâncias governamentais e ao presidente Porochenko que os rebeldes de Leste não tinham meios para derrubar um avião à altitude a que seguia, cerca de 10600 metros, e que o avião foi instruído a mudar de rota, para o interior da zona de guerra, pelo Centro de Controlo de Dnipropetrovsk, gerido pelas autoridades ucranianas”.

A propaganda midiática que, sintonizada com Washington, Amsterdã e Bruxelas, acusa direta ou implicitamente a Rússia e o presidente Putin pelo crime, continua a insistir na existência de duas supostas provas de que afinal os “pró-russos” do Leste da Ucrânia teriam mísseis capazes de derrubar o avião e utilizaram-nos: uma suposta gravação de uma conversa na qual o assunto foi abordado; e provas fotográficas de uma bateria de mísseis Buk a regressar à Rússia depois de feito o disparo fatal.

“Estive analisando as conversações entre dois supostos separatistas sobre o abate do avião e concluo que, se as gravações forem autênticas, se referem a outro acontecimento”, afirma o comandante reformado Oleg Tarasenko, antigo piloto da aviação comercial. “Essas gravações têm registos horários incompatíveis com o derrube do aparelho e são anteriores ao acontecimento.

O mais provável”, explica o comandante Tarasenko, “é que a conversa, se for verdadeira e não uma montagem, diga respeito ao avião de transporte militar ucraniano derrubado dias antes pelos rebeldes. Esse voava, de facto, a uma altitude compatível com os meios militares ao dispor das milícias de Donetsk”.

Quanto à bateria de mísseis e ao seu movimento de vaivém através da fronteira Rússia, “alguém quer fazer de nós indigentes mentais”, segundo desabafo proferido em Kiev por um general na reserva e ainda consultor do Ministério da Defesa. “Numa zona de guerra, numa região fronteiriça superescrutinada por meios capazes de registrar os movimentos de formigueiros, as autoridades só deram pelos movimentos de uma bateria de mísseis no seu regresso à base, num país vizinho, depois de ter sido disparada e derrubado um avião”, acrescenta o general.

“Se assim fosse, podiam e deviam ter dado por ela logo à entrada na Ucrânia e ter-se-ia evitado a morte de quase 300 pessoas. Só me admiro que possa haver jornalistas, editores e até políticos tão disponíveis para aceitar manipulações primárias e aberrantes como esta”, surpreendeu-se o general ucraniano.

Fonte: Jornalistas sem Fronteiras