Fórum África-EUA debate negócios, meio ambiente e epidemia de ebola

Durante o Fórum África-EUA, que ocorre em Washington, capital estadunidense, entre segunda (4) e esta quarta-feira (6), a presidenta da Comissão da União Africana, Nkosozana Dlamine Zuma, tem destacado que o continente, atualmente, oferece as melhores e maiores oportunidades para investimentos no planeta.

Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da Comissão da União Africana

No entanto, a líder enfatizou que os países africanos não aceitarão negócios com as nações que desejem apenas usufruir das possibilidades de ganho sem nenhum tipo de contrapartida para o povo da África. “Em tais investimentos, é preciso estar presente à filosofia em que ambas as partes serão beneficiadas, numa parceria que ajude a transformação da África".

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Durante seu discurso no fórum, Nkosozana afirmou ainda que "uma África pacífica e integrada é algo que interessa à atual geração de africanos e tem obviamente que ser algo de interesse para as atuais e futuras gerações dos EUA e para o restante da humanidade. Acredito que existem recursos, energia e vontade política suficientes nesta sala para transformar a África nas próximas décadas, para que se torne um continente verdadeiramente próspero e bem integrado”, declarou.

Participam do encontro 50 representantes de países africanos, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o presidente estadunidense, Barack Obama. O evento conta com uma série de fóruns sobre questões como a segurança alimentar e busca incenticar os investimentos de empresas norte-americanas nos países africanos.

Durante alguns dos encontros realizados, John Kerry pediu aos países que se empenhem em participar de uma agricultura inteligente em termos climáticos. "Os impactos da mudança climática já estão sendo sentidos em todo o mundo: o Ártico, a Antártida e todo o resto ao redor. Tudo o que você tem a fazer é olhar para as condições extremas que os agricultores estão lidando em todo o mundo : temperaturas mais quentes, secas mais longas, os padrões de chuvas imprevisíveis” , disse o secretário de Estado, esquecendo-se de que os EUA não apenas são um dos grandes causadores de problemas ambientais como seus líderes sempre se negam a assumir metas claras no sentido de mitigar os danos.

O estadunidense abordou ainda a importância de se pensar nas próximas gerações, “os sete bilhões de pessoas que precisam de alimentação hoje vão tornar-se mais de nove bilhões de pessoas até 2050”, sendo que na prática, muito pouco sobre segurança alimentar foi realizado por seu país em benefício de outros povos.

O Brasil, apenas para citar um exemplo, tem focado na parceria com os países africanos na área de agricultura. Desde 2006, uma unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), instalada em Gana, compartilha tecnologias e conhecimento na agricultura para fomentar o desenvolvimento social e econômico das regiões e ajudar no combate a fome e a desnutrição no continente.

Ebola vira um dos temas principais

A epidemia de ebola que atinge os países do oeste africano impediu os presidentes da Libéria e de Serra Leoa, dois dos países mais atingidos pela doença, de comparecerem ao Fórum África – EUA. O vírus já deixou cerca de 1.600 pessoas doentes e matou 900 desde março deste ano.

A secretária dos EUA de Saúde, Sylvia Burwell, e o diretor dos Centros de Controle de Doenças e Prevenção, Tom Frieden, se reuniram na segunda-feira(4) com o presidente guineense, Alpha Conde, e com altos funcionários da Libéria e de Serra Leoa para discutir o surto de ebola na região.

"O grupo identificou as prioridades nacionais e regionais e manteve intensas discussões sobre os tipos de assistência necessária para montar uma resposta eficaz aos esforços para controlar o surto e enfrentar o desafio", disse o Departamento de Estado em um comunicado. Por hora, os EUA não pretendem colocar nenhum tipo de restrição aos voos entre o país e o continente africano por conta da doença.

Por Tayguara Ribeiro, da Redação do Vermelho,
com informações do China Daily