Ucrânia: Habitantes da Bacia do Don têm chance de sobreviver

A Rússia está negociando com a Ucrânia, e também com organizações humanitárias internacionais do sistema das Nações Unidas e da Cruz Vermelha, sobre o envio de ajuda humanitária para as regiões de Lugansk e Donetsk.

Por Tatiana Tabunova, na Voz da Rússia

Mulher ucraniana com pedaço de pão

No Leste da Ucrânia formou-se uma situação humanitária catastrófica. Vários meses de bombardeios pelas forças de segurança ucranianas levaram à destruição quase completa da infraestrutura civil na região. A maioria das povoações não têm energia elétrica e abastecimento de água. Nos hospitais e farmácias não há medicamentos. Há escassez de alimentos. Muitas casas estão destruídas. Muitas pessoas perderam completamente as suas possessões.

Quem podia, partiu para as regiões centrais e ocidentais da Ucrânia ou mudou-se para a Rússia. Mas aqueles que ficaram têm uma falta extrema de necessidades básicas, sublinhou o ministro do Exterior russo Serguei Lavrov:

“Neste momento, estamos negociando com o lado ucraniano, e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, e com organizações humanitárias internacionais do sistema das Nações Unidas sobre a necessidade de envio urgente de assistência humanitária para as regiões de Lugansk e Donetsk. Nós acreditamos que o assunto é urgente, e não admite demoras. A questão está sendo controlada pelo presidente da Federação da Rússia. Estou convencido de que conseguiremos chegar a acordo sobre o fornecimento dessa ajuda àqueles que precisam dela o mais rápido possível”.

Essas negociações, note-se que por enquanto não passa de negociações, já são um progresso. Ainda três dias atrás, Kiev, Washington, Berlim e Londres se pronunciavam fortemente contra a ajuda humanitária da Rússia a Donbass. Eles diziam que no Leste da Ucrânia não é necessária a prestação de assistência humanitária, pois lá supostamente “já está sendo prestada a assistência necessária”.

A proposta da Rússia de enviar para a região alimentos, suprimentos médicos, produtos de higiene e artigos domésticos era chamada de injustificada e até atraiu ameaças de sanções adicionais. O serviço de imprensa do presidente norte-americano Barack Obama emitiu um comunicado dizendo que “qualquer intervenção russa na Ucrânia, até mesmo para supostos fins humanitários, sem a permissão oficial do governo da Ucrânia é inaceitável, violaria o direito internacional e poderia resultar em consequências adicionais”.

E isso apesar de Moscou ter enviado apelos oficiais à ONU, OSCE, Conselho da Europa e Cruz Vermelha pedindo para organizar uma missão humanitária para o sudeste da Ucrânia, cujas cargas seriam controladas, acompanhadas e distribuídas pelo pessoal da Cruz Vermelha.

Mas a própria ideia de assistência aos habitantes de Donbass não se enquadra nos planos de Kiev e seus patrocinadores no Ocidente, acredita o especialista do Instituto Internacional de Estudos Humanitários e Políticos Vladimir Bruter:

“O problema é que se o contato entre a Rússia e a população do Leste da Ucrânia for constante e estável, então será impossível intimidar os habitantes com um desastre humanitário, com a falta de alimentos. A presença de um tal contato oficial, inclusive através da Cruz Vermelha, irá reduzir o grau de tensão psicológica na região. E assim será muito mais difícil para Kiev esperar por uma rápida vitória militar”.

No entanto, Kiev não conseguirá recusar por completo a ajuda humanitária internacional. Suas declarações anteriores de que a operação militar não prejudica de forma alguma a população civil, de que os militares ucranianos não atiram contra áreas residenciais e não matam civis, hoje em dia foram completamente desmascaradas. Mas no Ocidente preferem ajudar o exército ucraniano.

A Rússia, por sua vez, está disposta a gastar dinheiro para ajudar a população civil de Donbass. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha apoiou a proposta de Moscou de enviar uma missão humanitária. Posteriormente, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha Frank-Walter Steinmeier aprovou um possível acordo entre a Rússia e a Ucrânia sobre o envio de ajuda humanitária.

Aparentemente, os habitantes de Donbass que sobreviveram aos bombardeios e fogo do exército ucraniano têm a chance de não morrer de fome e doenças.

Fonte: Voz da Rússia