EUA negligênciam problemas raciais do país 

Os EUA reforçaram a presença da Guarda Nacional no Missouri com o intuito de neutralizar os protestos pela morte do jovem negro Michael Brown. O rapaz foi assassinado por um policial branco no dia 9 de agosto em Ferguson.  

Protesto nas ruas de Ferguson pede prisão de policial

As forças policiais norte-americanas esperam dispersar as manifestações, que começaram a cerca de uma semana, com o uso de armas e equipamentos do Pentágono e ações repressivas.

Mesmo alguns membros do governo já conseguiram perceber que este tipo de postura pode piorar ainda mais a situação. O senador democrata do Missouri, Claire McCaskill, que viajou para Ferguson na semana passada, disse que "é preciso desmilitarizar este litígio, este tipo de resposta se tornou um problema em vez de a solução”.

O parlamentar acrescentou que a situação é totalmente inaceitável e pediu às autoridades locais que respeitem o direito do público de protestar pacificamente, mas não é o que tem ocorrido, ao contrário, o caso tem sido tratado com armas, repressão aos manifestantes e toque de recolher.

A morte do jovem levantou mais uma vez a questão envolvendo os problemas raciais nos EUA. Laudos particulares apontam que o rapaz, que estava desarmado, recebeu seis tiros, o que joga por terra a versão do policial, segundo a qual Michael Brown teria tentado pegar a arma do agente. Seis tiros, alguns dos quais na cabeça, se mostram excessivos se a única intenção fosse apenas imobilizar a suposta agressão. Além disso, a postura do Departamento de Polícia local mostra a total conivência com este tipo de atitude violenta. As informações periciais têm sido negligênciadas e a transparência sobre os dados do caso quase que não existem.

O presidente americano, Barack Obama, afirmou que o uso excessivo da força é desnecessário contra os manifestantes de Ferguson e declarou esperar que a presença da Guarda Nacional tenha uma utilização limitada e apropriada, no entanto, até o momento, as atuações do líder do país para solucionar não apenas este problema como a questão racial como um todo têm se mostrado ineficazes.

70% dos afro-americanos são vítimas de discriminação racial nos EUA

Uma pesquisa aponta que 70% dos afro-americanos são ou já foram vítimas de discriminação racial por parte de autoridades dos Estados Unidos. O estudo foi realizado pelo Instituto Americano Pew Research.

O levantamento detalhou que sete em cada dez negros norte-americanos afirmam ter sido tratados injustamente pela polícia e pela justiça, enquanto apenas 27% das pessoas brancas já passaram por alguma situação deste tipo.

A pesquisa mostrou ainda que a desigualdade racial sofrida pelos negros nos Estados Unidos não se limita à polícia e a justiça, 54% dos afro-americanos alega ter vivido a mesma situação no ambiente profissional.

Outros setores sociais, incluindo a educação pública, serviços de saúde e até mesmo shoppings e restaurantes também são palco de cenas de discriminação racial, aponta o estudo da Pew Research.

A morte violenta de Michael Brown apenas fez reviver outros casos fatais de discriminação racial como o ocorrido em 2012, quando Trayvon Martin, de 17 anos, morreu após ser baleado por um segurança branco, em Sanford, Florida e nenhuma punição foi imposta ao agressor.

As circunstâncias inexplicáveis em torno da morte de Brown provocaram fortes protestos em vários locais nos Estados Unidos, nas barbas de um governo que interfere comumente nos assuntos internos de outros países sob o pretexto de proteger os direitos humanos. O caso expõe mais uma vez como a população negra é tratada pelo governo norte-americano.

Tayguara Ribeiro, da redação do Vermelho
com informações de agências