Estado Islâmico afugenta 1,6 milhão de iraquianos de suas casas

Desde o começo do ano, mais de 1,6 milhão de pessoas tiveram que se deslocar internamente em 1.577 localidades no Iraque, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (29) pela Organização Internacional de Migrações (OIM). Somente no mês de agosto, 850.858 pessoas deixaram suas casas devido, principalmente, às ações do grupo Estado Islâmico.

Islamistas no Iraque, atuam também na Síria

A maior parte dessas pessoas se refugiou no Curdistão Iraquiano. Os deslocados são majoritariamente da etnia yazidi, cristãos e muçulmanos. O relatório mostra o impacto que as ações do grupo que autoproclamou um califado em parte da Síria e do Iraque têm na vida dos cidadãos iraquianos.

De acordo com o Coordenador de Emergência da OIM no Iraque, Brian Kelly, “a atual crise não tem paralelo. Nós temos testemunhado pessoas que tinham meios de subsistência, famílias e vidas relativamente estáveis, chegando à exaustão física, financeira e emocionalmente. Todos estão vivendo em um estado de ansiedade aguda, sobre o que virá na sequência, já que muitos serão incapazes de voltar para casa".

A organização considera que a crise não tem uma resolução em curto prazo. As pessoas precisam de alimentos, água, fogões, utensílios de cozinha, toalhas, entre outras necessidades básicas que dependem de doações para serem atendidas.

“A maior parte dos deslocados internamente tem que caminhar por vários dias para alcançar segurança. Muitos de seus entes queridos foram mortos ou sequestrados pelas forças do Estado Islâmico”, ressalta Kelly.

A situação na Síria é ainda mais grave. O Alto Comissariado para Refugiados da ONU (Acnur) informou hoje que o número de refugiados no país já chega a três milhões nos três anos de conflito no país e não mostra sinais de diminuir.

Além da ação de grupos opositores ao governo do presidente Bashar al-Assad, o país também enfrenta as ações do grupo Estado Islâmico. A situação “inclui cidades onde populações são cercadas, pessoas estão passando fome e civis são indiscriminadamente mortos”, disse o comunicado da entidade.

De acordo com a organização, um em cada oito habitantes do país cruzou a fronteira para algum país vizinho. Esse número pode ser ainda maior, já que muitos buscam abrigo sem realizar o registro formal. O Líbano é o principal destino dos refugiados sírios, com 1,14 milhão, seguido pela Turquia, com 815 mil, e Jordânia, com 808 mil, segundo o Acnur.

Internamente os deslocamentos são ainda maiores. Mais de 6,5 milhões migraram para outras regiões dentro da Síria, o que significa que "quase metade de todos os sírios foram forçados a abandonar suas casas e fugir para salvar suas vidas". Mais da metade deles, eram crianças.

"A crise síria tornou-se a maior emergência humanitária de nossa era, e, mesmo assim, o mundo está fracassando em atender às necessidades de refugiados e dos países que os abrigam", disse António Guterres, alto comissário da ONU para refugiados, no comunicado.

De acordo com a agência Reuters, os sírios constituem a maior população de refugiados do mundo sob cuidado do Acnur, e o segundo lugar geral, perdendo apenas para os palestinos, cuja crise já dura décadas.

Com informações do Opera Mundi