Enterrar o passado de vez, derrotando Alckmin, Aécio e Marina
Em entrevista ao Vermelho, o candidato à deputado estadual, Wagner Gomes diz que uma vitória do candidato do PSDB, Aécio Neves significaria “um prejuízo enorme para o país, um retrocesso aos anos 1990, no quais o Brasil andou para trás com recessão, submissão ao FMI e entrega do patrimônio nacional para grupos estrangeiros a preço de nada”.
Por Marcos Aurélio Ruy
Publicado 03/09/2014 12:42
Wagner Gomes é metroviário há anos, sindicalista por mais de três décadas, foi presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo por muitos mandatos. Chegou a presidir a Central Única dos Trabalhadores (CUT), depois colaborou na fundação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) que presidiu de 2007 a 2013. Wagner Gomes é filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Mas uma suposta vitória da candidata Marina Silva seria ainda pior “um retorno ao século 19, quando as mulheres não tinham direito ao voto, não podiam nem sequer estudar ou trabalhar sem autorização do pai ou do marido. O programa de Marina vai contra todas as conquistas das mulheres, dos homossexuais, dos negros e da juventude nos últimos anos”, acentua.
Leia a íntegra da entrevista abaixo:
Vermelho: Por que você decidiu ser candidato à Assembleia de São Paulo?
Wagner Gomes: Eu fui inçado a essa candidatura pelo meu partido o PCdoB e por amigos de diversos outros partidos para colocar esta alternativa aos eleitores paulistas. Com objetivo de aumentar a representação da classe trabalhadora na Assembleia Legislativa de São Paulo. Porque o número de trabalhadores e trabalhadoras na Alesp é ínfimo, como é no Congresso Nacional e somente os trabalhadores podem defender seus próprios interesses. Não podemos deixar nas mãos dos patrões essa decisão. Eles têm os seus próprios interesses que não são os nossos.
Vermelho: Então a classe trabalhadora corre riscos se não eleger número significativo de representantes?
Wagner Gomes: Certamente. No Congresso Nacional muitas leis trabalhistas correm riscos e não fosse a atuação correta e contundente das centrais sindicais já teríamos perdido muitas conquistas como o 13º salário, a multa de 40% sobre o FGTS por demissão imotivada, a própria garantia de emprego estaria em situação mais degradante, entre muitos outros fatores.
Vermelho: O PSDB governo São Paulo há 20 anos e aprece que o estado anda na contramão do Brasil. Como os deputados estaduais poderiam modificar esse cenário?
Wagner Gomes: A nossa luta é levar ao Legislativo a agenda da classe trabalhadora com as conclusões definidas na Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat) em 2010, mas também ajudar a eleger o governador Alexandre Padilha ao Palácio dos Bandeirantes para o estado entrar nos trilhos novamente e sair da contramão da história. São Paulo merece um governo que seja para todos e entre firme no combate à pobreza, investindo pesado em educação, saúde, transporte público, esporte, cultura, lazer, enfim tudo o que as pessoas têm direito para uma vida digna.
Vermelho: Faltam espaços para a juventude no estado de São Paulo?
Wagner Gomes: Nas minhas andanças pelo estado em campanha, ouço muitas reclamações de jovens que querem estudar, praticar esportes, ter acesso à cultura, às práticas esportivas e inclusive aprender uma profissão e não têm a oportunidade. Os pais também reclamam da falta de atividades para os filhos desde crianças.
Por isso, defendo escola integral para todos o mais urgente. Mas uma escola abrangente que além das aulas normais como português, matemática, história, ciência, etc, os estudantes deveriam ter aulas de música, teatro, artes plásticas, informática, leitura e esportes. Tirando as crianças e jovens das ruas e da proximidade com traficantes de drogas e dando-lhes a oportunidade de preparar-se mais adequadamente para a vida.
Nesse contexto, poderia entrar também o ensino profissionalizante, mas que não significasse apenas a tentativa de inserção no mercado de trabalho com mão de obra barata, mas sim uma qualificação que possibilitasse remunerações melhores com chances de crescimento futuro.
Vermelho: Vemos diariamente notícias de assassinatos de jovens na periferia, a maioria negra e sem passagem pela polícia. Como acabar com isso?
Wagner Gomes: Além dos investimentos nas questões sociais, temos que conquistar uma polícia voltada para a defesa da sociedade e não para a repressão aos movimentos sociais como acontece muito no estado de São Paulo. Lutamos por uma polícia bem preparada e sob controle social.
Além disso, há necessidade mais que urgente em criar políticas públicas efetivas no combate ao tráfico de drogas. A classe trabalhadora fica à mercê de bandidos pela falta do Estado com políticas públicas para a juventude e os moradores da periferia.
O combate permanente e contumaz ao racismo também é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, justa e humana. Os negros e pardos segundo as estatísticas compõem mais da metade da população brasileira e o racismo é uma forma de acorrentar a todos nos grilhões da ignorância.
Vermelho: Nesse contexto, entraria a luta por igualdade de gênero?
Wagner Gomes: Outra questão muito importante. As mulheres também são mias da metade da população brasileira e a cada ano conquistam mais espaços no mercado de trabalho, nas universidades, na sociedade e na vida. Mas continuam recebendo salários menores têm poucos cargos de chefia e a representação política feminina é ínfima.
Vermelho: A ideia é aumentar o número de mulheres na política?
Wagner Gomes: Essa é uma bandeira fundamental par a democracia brasileira avance rumo a uma sociedade mais justa que respeite as diferenças e dê oportunidades iguais para todos, independentemente de sexo, cor, religião, ideologia. Mas não basta ser mulher para ser merecedora do voto tem que ter projeto que abarque verdadeiramente as questões da emancipação feminina.
A questão de gênero abrange também o respeito à orientação sexual. È igualmente importante respeitar a escolha de vida de todos. Só não podemos aceitar e muito menos acatar a violência, a pregação do ódio, da rejeição.
Vermelho: A Marina se posicionou contra o casamento homoafetivo, disse que vai acabar com o pré-sal e ameaça os programas sociais do governo Dilma. O que acha disso?
Wagner Gomes: A candidata Marina da Silva foi muito infeliz com essas colocações. Ela se aproximou de notórios reacionários como o pastor Silas Malafaia e Marco Feliciano. O Brasil do século 21 não contempla mais essa visão retrógrada, do século 19.
Tanto ela quanto Aécio acenam como os interesses de multinacionais norte-americanas em acabar com os investimentos na produção de petróleo do pré-sal. Essa descoberta da Petrobras, única no mundo podem colocar o Brasil entre os maiores produtores de derivados de petróleo do mundo, o que os países ricos não aceitam.
Vermelho: Ela também defende a terceirização em seu programa de governo. Como o deputado vê isso?
Wagner Gomes: As centrais sindicais têm desenvolvido uma luta constante desde 2004 contra o projeto de lei 4330 que escancara a terceirização retirando inúmeras conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras, precarizando totalmente as condições de trabalho. A terceirização d amaneira que a candidata Marina defende acaba com todos os direitos conquistados a duras penas pela classe trabalhadora como férias, 13º salário, descanso remunerado, horas extras, vale-transporte, alimentação, convênio médico, entre diversas outras conquistas importantes para a vida da família dos trabalhadores e trabalhadoras. Permite aos empresários além de terceirizar, quarteirizado, quinteirizado. Isso transforma o trabalhador em mercadoria barata. É a exploração máxima da força de trabalho, tornando-a mera mercadoria barata e sem custoso para os empresários, isso torna o trabalhador quase escravo, é um retrocesso de séculos das relações capital com o trabalho. Como tirar o PSDB do governo de São Paulo?
Vermelho: O que significa acabar com o pré-sal?
Acabar com o pré-sal significa tirar a possibilidade de investimentos de trilhões de reais na educação e na saúde em futuro próximo. É jogar fora todos os investimentos feitos até agora nas pesquisas desenvolvidas pela Petrobras e é jogara no vermelho a maior empresa nacional, uma das maiores petrolíferas do mundo. Além de criar desemprego no país para ajudar na criação de empregos nos Estados Unidos e na Europa. Essa política já foi experimentada por Fernando Henrique Cardoso que praticamente quebrou o Brasil entregando tudo de mão beijada ao sistema financeiro internacional.
O Brasil não tem mais tempo para aventuras. Em 1960 foi eleito Jânio Quadros que renunciou e ajudou o país mergulhar quatro anos depois num golpe fascista que quebrou o país. Em 1989 foi eleito Fernando Collor que acabou com a economia brasileira, abrindo excessivamente o mercado jogando a indústria nacional na rua da amargura. Sem falar que prendeu a poupança dos brasileiros e brasileiras e deu no que deu. O primeiro impeachment da história do Brasil. No século 21 não podemos mais nos aventurar com candidaturas que se dizem acima do bem e do mal. Marina Silva pelas propostas levaria o país à bancarrota pior do que FHC fez.
Vermelho: A proposta defendida pela candidatura de Marina vai na contramão do desenvolvimento autônomo e independente?
Wagner Gomes: Não tenho nenhuma dúvida disso. Pelo que li o programa da candidata levaria o Brasil a uma recessão sem precedentes. Seria pior do que a década perdida dos anos 1990 quando o neoliberalismo dominou a economia e desnacionalizou tudo no país, acabou com o Estado, não investiu nas Forças Armadas para a defesa nacional, não combateu o tráfico de drogas e aumentou o desemprego por causa da política recessiva de juros altíssimos.
São banqueiros que controlam o programa da candidata Marina que posa de esquerda, mas está à direita do PSDB. Ela não pretende somente acabar com o pré-sal, liquidando com a possibilidade de melhorar a educação para as crianças e jovens do país. Ele pretende acabar com o Bolsa Família que é a maior política pública de distribuição de renda no país, copiado em diversos países e elogiado no mundo inteiro, inclusive nos Estados Unidos.
Ela é contra a Política de Valorização do Salário Mínimo, que juntamente com o Bolsa Família tem mantido em alta a economia nacional e a criação de novos empregos. Ela mostrou vontade de acabar com o ProUni, com o Fies que juntos mantêm nas universidades mais de 3 milhões de estudantes, sem esses programas como eles farão para continuar seus estudos? E Ainda os novos egressos ficarão sem essa possibilidade. Ela mostra vontade de recuar até no Enem que tira a chance dos filhos de trabalhadores ingressarem no ensino superior.
Vermelho: Como derrotar o PSDB em São Paulo?
Wagner Gomes: Somente derrotaremos o PSDB no estado com amplo engajamento dos movimentos sociais fazendo campanha boca a boca para vencer a mídia burguesa que criminaliza os movimentos dos trabalhadores e não publica uma linha sequer sobre as falcatruas dos governos tucanos.
A nível nacional acontece a mesma coisa. Podemos reeleger a Dilma no primeiro turno se nos engajarmos todos nessa luta. Os movimentos sócias não pode cari no canto da sereia da Marina e sua política fundamentalista religiosa sectária e voltada para o passado.
Vermelho: Mais uma vez a esperança vencerá o medo?
Wagner Gomes: se não acreditasse nisso não seria candidato. A esperança move a sociedade, o medo paralisa e beneficia somente aos mais ricos. Devemos enterrar o passado de vez, derrotando Alckmin em são Paulo, Aécio e Marina no Brasil.