Comissão da Verdade é instalada no Pará com presença de comunistas

Desde 1º de setembro de 2014, a luta pela verdade, memória e justiça no Estado do Pará alcança uma nova plataforma de atuação, coma instalação da Comissão da Verdade, aprovada em 19 de março deste ano, pela Assembleia Legislativa.

Por Angelina Anjos*, para o Vermelho

Comissão da Verdade Pará - Angelina dos Anjos

A solenidade de instalação ocorreu no dia 1º de setembro de 2014, no São José Liberto. A escolha do espaço foi significativa, pois à época da ditadura foi o presídio onde os presos políticos ficaram detidos.

A comissão é composta por Renato Theophilo Marques de Nazareth Netto (da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos – Sejudh), João Lúcio Mazinni da Costa (Arquivo Público Estadual), Ana Michelli Gonçalves Siares Zagalo (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social – Segup), Carlos Alberto Barros Bordalo (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa), Egídio Machado Sales Filho (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará), Marco Apolo Santana Leão (Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos), Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho (Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça), Jureuda Duarte Guerra (Conselho Regional de Psicologia –PA/AP) e Maria Franssinete de Souza Florenzano (Sindicato dos Jornalistas do Pará – Sinjor). Entre estes, dois são comunistas: Paulo Fonteles Filho e Jureuda Duarte Guerra.

Paulo Fonteles Filho é pesquisador da guerrilha do Araguaia desde a década de 1990 e um dos fundadores do Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça. Dedicou os últimos três anos na construção da lei 7.802, junto com entidades, parlamentares, intelectuais, estudantes e pesquisadores, reuniu esforços para que o Estado do Pará reconhecesse enquanto Lei Estadual que no período da ditadura militar perpetrou violações contra os direitos humanos.

Jureuda Duarte Guerra é Presidenta do Conselho Regional de Psicologia do Pará e Amapá. Especialista em Saúde Mental e Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/ Fundação Osvaldo Cruz , no Rio de Janeiro. Militante do Movimento de Luta Antimanicomial, Conselheira da SDDH- Sociedade Paraense em defesa dos direitos humanos. Coordenou e idealizou o primeiro serviço de atendimento as mulheres em situação de violência: Maria do Pará de 2008 a 2010 e Conselheira Vice Presidenta do Coned (Conselho Estadual sobre Drogas).

A Comissão paraense vai fazer investigações sobre tortura, morte, desaparecimento forçado, ocultação de cadáveres envolvendo paraenses ou residentes no estado à época da ditadura. Terá prazo de dois anos para a conclusão dos trabalhos e no final deverão apresentar um relatório com as conclusões sobre os desaparecidos políticos.

*É assistente social, militante da luta pelos direitos humanos, secretária executiva da Comissão da Verdade do Pará e membro do Partido Comunista do Brasil