Uso de fundos da previdência social causa crise e protesto no Paraguai
A intenção de oficializar o uso dos recursos depositados para garantir as aposentadorias do Instituto de Previsão Social (IPS) [equivalente ao INSS no Brasil] causou uma crise inédita entre os dirigente do instituto que iniciaram nesta segunda-feira (22) uma série de protestos e acusações de corrupção no Paraguai.
Publicado 22/09/2014 10:35

O estopim do escândalo foi a renúncia de Alíbal Filártiga, que havia sido nomeado presidente do instituto há apenas 11 dias. Ao abrir mão do cargo ele denunciou um longo processo de corrupção e disse se sentir “impotente para vencer os poderosos” que dominam o organismo público. A demissão de alguém tão próximo do presidente Horácio Cartes, inclusive familiar de um de seus assessores mais importantes, levou o povo a interrogar sua famosa frase que “o IPS é uma maça suculenta a qual todos querem dar uma mordida”.
O tema, denunciado no parlamento pelos senadores da Frente Guasu e outros partidos progressistas, é o interesse do Poder Executivo de utilizar os fundos acumulados pelo IPS para investi-los, supostamente, em obras de infraestrutura.
Esso acontece, apesar da crise assistencial que o instituto enfrenta com os hospitais carentes de medicamentos e insumos, situação amplamente denunciada pelo sindicato dos médicos no país que anunciou greve geral.
O problemas existentes apontam também para a falta de comprometimento de muitos empresários que deixam de pagar a previdência de seus funcionários e até mesmo a assistência médica.
No Paraguai, apenas uma quinta parte da população tem a saúde devidamente protegida e aposentadoria garantida graças ao pagamento dos fundos ao IPS, apesar de ter havido um crescimento recente da preocupação popular com este setor.
Apesar de tudo, não é pouco o “suco da famosa maçã”, pois apenas quatro contas de aposentadorias do instituto possuem mais de US$740 milhões, esses são os fundos que o governo pretende utilizar para outros fins.
Filártica não quis, segundo o que ele mesmo disse, “ter que ver com essa suposta operação gigante” apoiada em uma Lei onde se faculta ao Executivo dispor dos recursos.
O funcionário abriu mão do cargo, mas agora os sindicatos do setor anunciaram seu posicionamento filme contra a estratégia do governo e vão encabeçar uma greve de três dias, que terá inicio no dia 30 de setembro.
Fonte: Prensa Latina