Palestino autor de carta à Dilma espera ficar em definitivo no Brasil
Há cerca de seis meses no Brasil, o refugiado palestino Hassan Rabea aguarda ansiosamente conseguir o direito de ficar no país definitivamente. Sua permissão provisória vai até 2015. O jovem de 23 anos ganhou destaque ao enviar uma carta de agradecimento à presidenta Dilma Roussef, há algumas semanas.
Por Tayguara Ribeiro, da redação do Vermelho
Publicado 29/09/2014 16:44

No texto, Hassan elogia a postura que o governo brasileiro tem adotado em relação aos conflitos na Faixa de Gaza e aos constantes ataques de Israel contra a Palestina. Somente no último, em agosto deste ano, mais de dois mil civis morreram, incluindo crianças e mulheres.
Hassan ainda não tem certeza se Dilma leu sua carta, mas o rapaz já recebeu a confirmação que o texto foi entregue no Palácio do Planalto. Enquanto isso, ele faz as entrevistas na Polícia Federal em busca de se tornar um cidadão brasileiro. Sua grande ambição é conseguir trazer sua família para o Brasil, tirá-los do risco, sempre constante, de bombardeios e agressões.
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Formado na área de informática, o jovem que saiu do campo de Refugiados Khan Younis para chegar ao Brasil através do Egito está atualmente morando na cidade de Nova Lima, em Minas Gerais. O rapaz conseguiu um emprego em uma lanchonete na capital mineira, Belo Horizonte, e demonstra estar feliz e adaptado ao país, tanto que reclama da demora para conseguir se estabelecer de vez por aqui. “O processo está muito lento, enquanto não tiver meu documento não estarei totalmente feliz”.
A História de Hassan só reforça a situação de desamparo que a população palestina vive, massacrada pelo projeto expansionista israelense e ignorada por boa parte da comunidade internacional. O refugiado lembra dos problemas que enfrentava na região antes de sair rumo a terras brasileiras. “Água é só uma vez por semana e energia elétrica durante 4 horas por dia. A maioria das escolas está destruída”.
Em sua carta para Dilma, ele relatou que “ainda posso ouvir os rugidos ferozes da artilharia israelense, bombardeiros, aviões teleguiados e marinha. Posso ouvi-los dentro do meu corpo e do meu próprio pulso. A minha família e parentes ainda estão sofrendo lá; enquanto existir ocupação israelense, o meu povo vai sofrer; quanto a mim aqui, eu seria um mentiroso se eu dissesse que eu não sofro estando longe de minha terra natal. Eu ainda visualizo rostos, gritos, suspiros, sangue, muito sofrimento e desespero, cadáveres, destruição e muitos amigos. É verdade que aqui não há ameaça imediata para a minha vida, mas meu coração dói quando eu me lembro da minha família, vizinhos e pessoas lá”.
Em seu discurso, na semana passada, na abertura da 69ª Assembleia da ONU, a presidenta Dilma voltou a tocar no assunto. “Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças. O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina”, insistiu a líder brasileira.