As perguntas às quais os EUA e a Ucrânia não querem responder

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou às partes do conflito ucraniano a cumprirem rigorosamente as suas obrigações referentes aos acordos de paz alcançados em 19 de setembro em Minsk (Bielorrússia).

Porochenko discursa na sede do Congresso dos Estados Unidos

Na véspera, durante o bombardeio de Donetsk foi morto um representante da Cruz Vermelha Internacional. Nesse contexto, o secretário-geral da ONU enfatizou a fragilidade da atual trégua e apelou a redobrar os esforços políticos e diplomáticos para resolver o conflito na Ucrânia.
Nos últimos dias, a situação no Donbass se deteriorou bruscamente. Na quinta-feira (2), as tropas ucranianas realizaram um ataque de artilharia contra o centro de Donetsk. Na linha de fogo estava o escritório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, um centro comercial, um hospital. Foram mortos 11 civis e um representante da Cruz Vermelha, o cidadão suíço Laurent Etienne Du Pasquier. Um dia antes, as forças ucranianas dispararam contra uma escola.

Ataques contra alvos civis, contra uma missão humanitária internacional, e ainda por cima durante uma trégua declarada, sugerem que as autoridades de Kiev estão certas de sua impunidade.
Sim, eles assinaram um memorando de paz aprovado pela ONU, a OSCE e as milícias de Donbass. Mas quem irá responsabilizá-las por sua recusa em cumprir os acordos?

Em encontros bilaterais do presidente da Ucrânia Piotr Poroshenko com líderes de países ocidentais são resolvidas questões mais globais, ou mais precisamente, o financiamento da reforma militar, a integração das economias. Mas o governo de Kiev simplesmente desiste de ir a sítios onde lhe podem fazer perguntas incómodas sobre assuntos urgentes.

Em 3 de outubro, na sessão da Assembleia Parlamentar da OSCE em Genebra, o Grupo Interparlamentar para a Ucrânia devia se reunir pela primeira vez. A decisão sobre sua formação foi tomada na sessão de verão da Assembleia em Baku. Mas, primeiro os norte-americanos se recusaram a participar nele, em seguida os poloneses, e na véspera da reunião foram os próprios ucranianos.

Hoje estão em primeiro plano outras perguntas que a comunidade internacional não pode deixar de fazer, mas às quais Kiev não pretende responder. E os Estados Unidos não estão interessados nessas respostas. Foi por isso que eles se recusaram a trabalhar no grupo da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa para a Ucrânia, acredita o membro do Comitê Parlamentar Russo para a Legislação, um ex-membro da delegação russa na APCE, Dmitri Vyatkin.

“Isso mostra que os crimes do regime de Kiev e daqueles grupos armados que obedecem não Kiev mas a estruturas oligárquicas já são impossíveis de esconder. Há que responder a perguntas ruins das quais já não é mais possível escapar. Há que responder à pergunta sobre o que está acontecendo com a investigação do acidente do Boeing, à pergunta sobre as valas comuns, à pergunta de quem está sendo processado pelas mortes em Odessa em 2 de maio. Ora, nem as autoridades de Kiev, nem seus patronos, têm resposta pública para estas perguntas”.

Além disso, Washington deixou claro que não haverá respostas. A chefe do serviço de imprensa do Departamento de Estado norte-americano Jen Psaki, em particular, afirmou que a investigação sobre as valas comuns descobertas em Donbass deve ser conduzida pelo governo de Kiev e não por organizações internacionais.

É evidente que as autoridades das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk não deixarão esse caso à mercê de Kiev, e o Ocidente, de fato, avisou que não aceitará os resultados de uma investigação realizada por alguém outro. Ora, temos mais um impasse.

Fonte: Voz da Rússia