Europa reconhece ineficiência de sanções contra a Rússia

A futura ministra das Relações Exteriores da UE, Federica Mogherini, teve de lidar, à noite do dia 6 de outubro, com vários deputados do Parlamento Europeu (PE) que exigiam explicações. “Temos trabalhado com Biden, cientes de que se trava um diálogo e não uma imposição”, disse a propósito a antiga chanceler italiana.

Na semana passada, Joe Biden, tendo discursado na Universidade de Harvard, acusou muitos países árabes de estarem apoiando os terroristas do Estado Islâmico (EI) e confessou como os EUA tinham pressionado e conduzido Bruxelas à adotar sanções contra a Rússia. Aos árabes Biden já pediu desculpa.

Seja dito de passagem, nas audições no PE, Federica Mogherini reconheceu que “a influência das sanções sobre a política da Rússia continua em causa”. Traduzida da linguagem diplomática, esta frase significa que as medidas restritivas são um fiasco. Entretanto, os prejuízos causados às empresas europeias e às relações Rússia – UE poderão vir a ser irrecuperáveis.

Acontece que a Europa, dando cegamente ouvidos aos conselhos insistentes dos EUA, se intromete numa cilada perigosa, capaz de se fechar bruscamente, opina o chefe do Departamento de Segurança Europeia do Instituto da Europa, Dmitri Danilov. Moscou tem de buscar alternativas e a Europa está perdendo a Rússia na qualidade de parceiro estratégico, adianta o especialista.
“A Rússia tem de se defender tanto em termos militares, como em termos econômicos, devendo fortalecer o seu setor econômico-financeiro, procurar novos parceiros. O conflito irá repercutir tanto nas relações russo-europeias, como no posicionamento da Europa no mundo”.

Ora, estamos perante uma situação paradoxal: os EUA impuseram à Europa o seu enfoque da crise ucraniana e logo se tornou evidente que o agudizar das relações com a Rússia se colocara acima dos tradicionais conceitos europeus sobre o bem e o mal, constata o historiador e politólogo russo, Evgueni Kozhokin. Ninguém presta uma devida atenção aos crimes contra a humanidade no sudeste da Ucrânia, ninguém vê os sinais de nazismo e perseguições políticas em Kiev, diz o especialista.

“Realmente, na União Europeia e nos EUA, existe um problema endógeno, bem sério, que se resume ao seguinte: o que é que está acontecendo com a sua democracia? O conflito econômico, ideológico e estratégico se torna mais importante do que seus próprios valores. Mas esse litígio poderia ter sido regularizado por via negocial”.

Cumpre realçar que qualquer intervenção de Joe Biden tem provocado dores de cabeça, sendo uma incógnita até para seus correligionários. Seria ótimo, se ele gostasse simplesmente de tagarelar. Mas, conversando sempre de uma forma circunstanciada, monótona e detalhada, ele até foi apelidado por congressistas de um rocket.

Seus adjuntos ficam extremamente nervosos quando Biden, antes de discursar, costuma dizer: “hoje, serei muito breve”. Isto significa que, começando de longe, ele será capaz de esquecer o início de sua intervenção. Tal lhe aconteceu mais de uma vez. Se calhar em Harvard teria acontecido a mesma história?

Fonte: Voz da Rússia