Marina acena apoio a Aécio, enquanto PSB se mostra dividido

Derrotada no primeiro turno das eleições, a candidata Marina Silva dedica seu tempo a oficializar a aliança com os tucanos no estilo da “velha política” que ela tanto criticou durante a campanha. O anúncio está previsto para esta quinta-feira (9).

Roberto Amaral e Marina

Já no primeiro turno das eleições, tanto Marina quanto cabeças do PSDB e seus aliados, acenavam que, num eventual segundo turno, trocariam figurinhas contra a candidata Dilma Rousseff. Isso ficou evidente quando logo na entrada de Marina na disputa presidencial, com a morte trágica de Eduardo Campos, e com a candidata inflada nas pesquisas, FHC e Agripino Maia (presidente do DEM e coordenador de campanha de Aécio), teceram declarações elogiosas a Marina, causando desconforto em Aécio.

Com o cenário eleitoral definido no segundo turno, Marina, não mais PSB mas Rede Sustentabilidade, manifestou, por meio de porta-vozes, que vai apoiar o tucano. O apoio teria sido condicionado a alguns pontos programáticos, como o fim da reeleição e a ‘sustentabilidade’ e, em troca, Aécio ofereceu a ela o ministério das Relações Exteriores.

Marina no Itamaraty

A informação é do jornalista Kennedy Alencar, que afirma que a “a ideia seria indicar Marina para o Itamaraty a fim de que ela defenda uma diplomacia verde”. Em comentário na rádio CBN, o jornalista avalia que Marina tem “convergência com Aécio na mudança de alguns pontos da linha diplomática dos governos do PT. Com Aécio e Marina, o Itamaraty daria menos foco ao Mercosul. Tentaria negociar mais com os Estados Unidos e a União Europeia”.

Kennedy diz ainda que as negociações com Marina estariam avançadas e a participação individual dela já estava garantida. No entanto, divergências entre o PSB e a Rede poderiam impedir uma posição partidária.

O presidente do PSB, Roberto Amaral, deu demonstrações claras dessa divergência em entrevista na madrugada de domingo (5) para segunda (6), durante participação no programa Canal Livre da TV Bandeirantes. Ele disse que se Marina decidir apoiar Aécio pode ser acusada de “ir para a direita”. Por outro lado, se Marina decidir-se por apoiar Dilma estaria indo contra o discurso sobre renovar a política que pregou durante o primeiro turno.

Durante o programa, Amaral afirmou que tanto o PSB quanto a Rede tentarão anunciar uma posição conjunta, mas advertiu ser possível a divergência de posições.

Ao comentar o fato de Aécio ter sido derrotado nas urnas em Minas Gerais (estado em que foi governador por dois mandatos), perdendo para Dilma e não elegendo seu candidato ao governo, Amaral cutucou: “É que em Minas o Aécio é bem conhecido”.

Enquanto a Rede de Marina, Neca e companhia já negociam com Aécio na condição de apoiadores, os diretórios estatuais do PSB discutem e avaliam o apoio.

Pernambuco com Aécio

Segundo fontes, em Pernambuco as lideranças do partido já teriam batido o martelo em reunião que terminou na madrugada desta terça-feira (7). O governador eleito, Paulo Câmara, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o ex-ministro e senador eleito, Fernando Bezerra Coelho, o presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, viajam para São Paulo para definir as estratégias de defesa da candidatura do tucano.

Antes da reunião, porém, em entrevista à Rádio Jornal, do Recife, Câmara disse que Campos não tinha acordo para apoiar Aécio no segundo turno. “Não havia esse entendimento com Eduardo, até porque ele tinha convicção de que ia para o segundo turno”.

O governador eleito disse que não iria se pronunciar antes da reunião da Executiva Nacional do PSB, nesta quarta-feira (8), em Brasília. Mas apontou quais os interesses políticos que levam em conta nesse processo. “A gente quer colocar o PSB no cenário nacional”, disse Câmara.

São Paulo dividido

Em São Paulo, por sua vez, Márcio França, presidente estadual do partido e vice na chapa do governador tucano Geraldo Alckmin, defende a adesão à campanha de Aécio. Mas a deputada federal e coordenadora de campanha de Marina, Luiza Erundina é contra.

Segundo Erundina é preciso “ser minimamente coerentes. Sem o que, não vale a pena”. A deputada defende a neutralidade do PSB. “Tomar uma posição única seria ruim, dividiria o partido. O melhor seria liberar para que cada militante, filiado ou dirigente, possa tomar a sua decisão", afirma a ex-prefeita de São Paulo.

Rio de Janeiro com Dilma

No Rio de Janeiro, o diretório do PSB defende a reeleição da presidenta Dilma. De acordo com o vice-presidente do diretório estadual, ex-deputado Vivaldo Barbosa, a tendência de apoio no município do Rio foi comunicada à direção nacional do partido.

Vivaldo Barbosa afirma que o apoio à candidata petista segue uma linha política, ideológica e histórica do partido. “Apesar das ressalvas e críticas que nós temos ao governo de Dilma, é muito mais natural que socialistas estejam juntos às propostas de Dilma do que das propostas neoliberais do candidato tucano. A visão de Armínio Fraga é outra coisa que nos distancia de Aécio”, pontuou ele.

“A maioria do partido, sem dúvida alguma, tem essa tendência de apoiar a Dilma pela própria natureza dos socialistas”, apontou. Barbosa ressaltou que há divergências, o que poderia levar a uma possibilidade de o partido não chegar a uma decisão formal.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências