SP: Alckmin contraria população e diz que falta de água é "pontual"

A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que até as 18h30 desta segunda-feira (6) ainda não havia recebido, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a nova versão do plano de operação da segunda cota do volume morto dos reservatórios do Sistema Cantareira.

Cantareira - Reprodução

Os cinco reservatórios do Cantareira encontram-se em seu nível histórico mais baixo. e as regras de funcionamento dos equipamentos de bombeamento já instalados no sistema, e também os previstos para serem implantados, são imprescindíveis para a análise e a autorização dos volumes adicionais do segundo volume morto.

Em nota distribuída à imprensa, a agência informa que recebeu, no último dia 26, o plano da Sabesp. No entanto, na segunda-feira (29) a Sabesp enviou ofício informando que o documento necessitava de correções em seu método e modelo, razão pela qual a Sabesp solicitou prazo de cinco dias úteis para a correção e entrega de novos estudos.

O volume de água do Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento de água de São Paulo, teve nova baixa hoje, com o nível passando de 6% para 5,8%, o menor da história, segundo o monitoramento diário feito pela Sabesp.

Problemas "pontuais"

Em entrevista coletiva à tarde, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, voltou a dizer que “não há e não haverá racionamento” de água em São Paulo. Segundo ele, não falta água na capital paulista, e os problemas apontados por consumidores seriam apenas “pontuais”.

Racionamento não declarado

Do excesso de chuvas que deixou famílias desabrigadas às torneiras secas durante a noite, a água voltou a ser um problema para moradores do Jardim Romano e de bairros vizinhos, na zona leste de São Paulo. Há cerca de um mês, eles fazem estoque em garrafas, panelas e baldes para conviver com a falta d'água noturna. Há cinco anos, a região, porém, ganhou destaque ao enfrentar um alagamento que durou mais de dois meses e atingiu duas mil famílias.

No município de Itu, um ato foi realizado na última semana para cobrar dos parlamentares o estado de emergência na cidade. Cerca de 400 pessoas participaram dos protestos, que teve até um caixão de madeira para simbolizar a morte do município por falta de água.

O secretário de Segurança, Marco Antônio Augusto, porta-voz do Comitê da Gestão da Água, criado na semana passada para gerenciar a crise, recebeu um grupo de manifestantes, mas descartou atender ao pedido dos moradores. "Ainda não cabe essa solicitação", disse.

Cantareira à beira do colapso 

Em uma apresentação à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, em julho deste ano, pesquisadores da Unicamp criticaram a metodologia de balanço hídrico para o cálculo da vazão de entrada nos reservatórios. Em abril de 2014, a transferência de águas do Reservatório Jacareí para o Cachoeira, ambos pertencentes ao Cantareira, apresentavam em determinado horário do dia uma vazão natural, sem interferência humana, de 930 litros por segundo negativos. Interligadas por gravidade, as represas do Cantareira não poderiam desafiar as leis da física. Uma vazão natural negativa corresponderia a afirmar que as águas de um rio inverteram seu curso sem a ação de um agente externo. A Sabesp preferiu não se posicionar sobre a distorção dos dados aferidos pela Unicamp.

Alckmin disse que, a partir do dia 30 deste mês, parte do volume do Sistema Guarapiranga passará a ser utilizado em complemento ao Cantareira.

Fonte: Da redação com Agências