Após reeleição de Alckmin, Sabesp admite que falta água em SP

A presidenta da Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, negou nesta quarta-feira (8) que haja racionamento em depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga se o contrato entre a empresa e a Prefeitura de São Paulo está sendo cumprido. Ela, porém, admitiu que falta água de forma pontual em algumas regiões.

Alckmin - Foto Montagem

“Não existe racionamento. Existe, sim, falta de água pontual em áreas muito altas, muito longe de reservatórios”, disse Dilma Pena. Ela declarou à CPI da Sabesp que todas as redes de abastecimento estão pressurizadas em tempo integral o que, segundo ela, não caracteriza o racionamento. "Não existe racionamento, existe administração da disponibilidade da água”.

Crise hídrica e as eleições

A representante da Sabesp, aceitou prestar depoimento à CPI, após a vitória do candidato tucano a reeleição ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, no último domingo (5). No último dia (17), Dilma Pena não compareceu a convocação, alegando “motivos pessoais”.

Entenda o caso

Esta é a maior crise hídrica da história de São Paulo, que permanece crítica mesmo com as chuvas registradas no mês passado. Nas nascentes do Cantareira, foram registrados 66 milímetros de chuva acumulada, enquanto a média histórica para o mês é 91,9 milímetros.

O Portal Vermelho há meses relata casos de famílias que permanecem dias com suas caixas d’água esvaziadas e comerciantes que estão fechando as portas por não terem condições de atender os clientes com o desabastecimento. A maioria da população que sofre com a falta de água, mora na periferia.

Ministério Público quer limitar retirada de água do Cantareira

Os Ministérios Públicos Estadual e Federal ajuizaram ação civil pública pedindo à Justiça que restrinja o uso da água do Sistema Cantareira e coíba a captação da segunda cota do volume morto, como deseja a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Os promotores dos núcleos de Piracicaba e Campinas do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) argumentam que as retiradas podem trazer implicações ao abastecimento público, “levando a um colapso das duas regiões abastecidas (Bacia do Piracicaba e Região Metropolitana de São Paulo), riscos à saúde pública, impactos ao meio ambiente e impactos à indústria, à agricultura e à economia”, diz a ação, distribuída à 3ª Vara da Justiça Federal da Subseção Judiciária Federal de Piracicaba. A Sabesp não se pronunciou, pois ainda não foi notificada sobre a ação.

A retirada da segunda cota foi uma das soluções encontradas pela companhia, já que o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira registra quedas consecutivas.

Segundo especialistas, as chuvas que se aproximam não serão suficientes para atender à demanda de abastecimento do complexo de represas. Há uma projeção de que no mês de abril de 2015, o Sistema Cantareira esteja com apenas 8% da sua capacidade total. Desde maio, o sistema depende da reserva técnica, o chamado volume morto, que acrescentou 182,5 bilhões de litros de água para o abastecimento. Porém, mesmo com tal acréscimo, hoje a capacidade total da represa está a menos de 6%. No mês de outubro do ano passado, o total da capacidade era de 40%.

Da redação do Vermelho com Agências