Executiva do Psol se abstém, mas lideranças declaram apoio a Dilma

A Executiva Nacional do Psol, em reunião realizada nesta quarta-feira (8), decidiu liberar os seus militantes e não apoiar nenhuma candidatura no segundo turno, no entanto, o partido recomenda que não votem no candidato direitista Aécio Neves (PSDB). “Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura”, diz documento do Psol sobre o tucano.

Marcelo Freixo, Goolberto Maringoni e Jean Wyllys em apoio a Dilma

Segundo a candidata presidenciável Luciana Genro, o partido não esta sendo totalmente neutro, já que recomenda o voto contra Aécio, pois, segundo ela, “representa um retrocesso”. Luciana ficou em quarto lugar, com mais de 1,6 milhão de votos.

Diz o documento: “Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina. O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso”.

Mas diferente da executiva do partido, importantes lideranças do PSOL demonstraram um pensamento mais maduro e de esquerda declarando o seu voto em Dilma. Entre eles está Marcelo Freixo, deputado estadual mais votado do Rio de Janeiro.

Voto crítico de Freixo

Em sua página no Facebook, com o título “O voto crítico em Dilma”, Freixo destacou: “Tenho profundas críticas aos governos do PT e, especificamente, à administração Dilma Rousseff. Apesar disso, acredito que a volta do PSDB à Presidência da República será um enorme retrocesso ao país”.

Segundo Freixo, a eventual eleição do PSDB representa o triunfo de um projeto elitista, que é prejudicial aos trabalhadores, aos movimentos sociais e à política internacional. “Um governo tucano representa o retorno de uma elite conservadora e de uma política econômica prejudicial aos trabalhadores e à população mais pobre. As gestões do PSDB sucatearam as universidades públicas, desmantelaram o Estado, deixaram o funcionalismo sem reajustes, arrocharam salários e provocaram desemprego em massa”, afirmou o deputado.

Muro não é meu lugar, diz Wyllys

Outra liderança a se posicionar foi o deputado federal reeleito pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys. Em documento intitulado “Carta para além do muro (ou por que Dilma agora)”, o deputado endossa a ideia de que Aécio representa o retrocesso.

No início da carta, Wyllys dia que “o muro não é meu lugar” e que “não vou fugir dessa escolha porque, embora tenha fortes críticas a ambos, acredito que existam diferenças importantes entre eles”.

Ele completa: “A candidatura de Aécio Neves – com o provável apoio de Marina Silva (e o já declarado apoio dos fundamentalistas MAL-AFAIA e pastor Everaldo; do ultrarreacionário Levy Fidélix; da quadrilha de difamadores fascistas que tem por sobrenome Bolsonaro e do PSB dos pastores obscurantistas Eurico e Isidoro) – representa um retrocesso: conservadorismo moral, política econômica ultraliberal, menos políticas sociais e de inclusão, mais criminalização dos movimentos sociais, mais corrupção (sim, ao contrário do que sugere parte da imprensa, o PT é um partido menos enredado em esquemas de corrupção que o PSDB) e mais repressão à dissidência política e menos direitos civis”.

“Por isso, avançando um pouco em relação à posição da direção nacional do Psol, que declarou ‘Nenhum voto em Aécio’, eu declaro que, nesse segundo turno das eleições, eu voto em Dilma e a apoio”, pontua o deputado federal.

Maringoni: Eleição de Aécio é derrota para a esquerda

Em São Paulo, o candidato ao governo do estado, Gilberto Maringoni, também defende o voto em Dilma. Em artigo publicado na revista CartaCapital, Maringoni afirma: “O partido tomou a decisão de indicar que seus militantes não devem sufragar Aécio Neves e a coalizão que o apoia, que vai da direita à extrema-direita. A meu ver, é vital que se impeça a volta das facções mais radicais do reacionarismo tradicional ao poder”.

Ele argumenta que a eleição de Aécio representaria uma “derrota histórica para a esquerda brasileira”, e por isso, vota Dilma.

Com informações de agências