Partidos da guerra dominarão Parlamento na Ucrânia

O presidente ucraniano, Petro Porochenko, declarou seu bloco como vencedor das eleições parlamentares realizadas no domingo (26) e assegurou que iniciará negociações com os partidos de retórica mais radical para integrar a coalizão dirigente.

Piotr Poroshenko

Sem que a Comissão Eleitoral Central (CEC) tenha divulgado os resultados oficiais das legislativas de domingo, o que deve acontecer de quarta (29) ou na manhã da quinta (30), Porochenko propôs "a todos os partidos do Maidan" integrar essa aliança.

Os únicos que não têm espaço são os integrantes do Bloco Oposição – formado por seguidores de Yuri Boiko e ex-integrantes do Partido das Regiões -, advertiu o milionário eleito presidente, em referência aos partidários de uma solução negociada do conflito no sudeste (Donbass) e menos russófobos.

Uma vez que a CEC reconheceu como válido o exercício eleitoral com uma participação de cerca de 50% dos votantes registrados segundo essa fonte, as pesquisas de boca de urna definiram sete partidos como os que estarão representados no Parlamento unicamaral ao ultrapassar o mínimo de 5% dos votos.

São eles o Bloco de Petro Porochenko (cerca de 23%), a Frente Popular do premiê Arseny Yatseniuk (mais de 20%) e, como terceira força nas pesquisas, AutoAjuda, do prefeito de Lvov, berço do ultranacionalismo na Ucrânia.

As pesquisas de boca de urna também assinalam que terão representação parlamentar o Bloco Opositor (8%), os neonazistas Partido Radical e Svoboda (pouco mais de 6%) e Pátria, de Yulia Timoshenko (ao redor de 5,6%).

Este quadro dá razão ao politólogo ucraniano Vladislav Gulévitch, que nas vésperas da votação denunciou a demagogia dos candidatos a deputados com uma retórica belicista e nacionalista com a qual tentavam "se apropriar dos tons de generais".

Só mediante a russofobia pode se aspirar a ganhar na atual Ucrânia, alertou o também analista da revista Vida Internacional.

Gulevich mencionou entre os denominados partidos da guerra o Bloco de Petro Porochenko, o Partido Radical de Oleg Lyashko, o Batkivschina (Pátria) de Yulia Timoshenko e a Frente Popular, de Arseni Yatseniuk, entre outros.

Eles só se dividem entre "os mais e menos belicistas", mas todos, sem exceção, fazem mais para a continuidade da guerra do que pela paz, sustentou o pesquisador.

Ao referir-se à oposição, representada pelos comunistas e pelos ex-regionais, Gulevich reconheceu que estava aplastada, pois alguns de seus representantes foram golpeados e humilhados na própria sede do Parlamento durante a campanha eleitoral.

Esta situação, sempre segundo pesquisas de boca de urnas, se reflete no prognóstico de que o Partido Comunista da Ucrânia, de Piotr Simonenko, não atinge os cinco% necessário e tampouco parece que já possa conseguir isso.

No entanto, um alerta contra a irracionalidade e o extremismo é o fracasso rotundo dos neonazistas do Setor de Direita, que em todas as sondagens é situado fora do Parlamento unicamaral.

Quanto a que ocontecerá depois que os partidários da guerra conformarem a aliança convocada por Porochenko, o próprio governante assumiu uma atitude no dia das eleições que parece eloquente.

A televisão mostrou-o vestido com o uniforme de comandante em chefe das Forças Armadas na cidade de Kramatorsk, no sudeste (Donbass), convertida em uma grande fortaleza, onde viajou para verificar a votação em um colégio eleitoral.

Vim aqui para proteger o direito ao voto das tropas, enfatizou diante de soldados, em gesto que pareceu resultar a despedida do traje de pacificador que encarnou ao longo da campanha eleitoral.

Fonte: Prensa Latina