Síria: Tartus e Latakia marcham para a guerra

"A morte é mil vezes melhor que ver a Síria em mãos dos terroristas", escreveu o soldado Mahmoud Issa pouco antes de entrar em combate para deter extremistas do Estado Islâmico (EI) na província oriental de Raqqa.

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"Carregado de granadas, meu filho lançou-se faz menos de dois meses contra um grupo de radicais que iam atacar a entrada da base área de Tabqa", relata seu pai Issa Issa a Prensa Latina no pátio de sua casa, localizada na norte ocidental cidade de Tartus.

Estou seguro da vitória, destaca entre lágrimas o idoso ao recordar as últimas palavras de seu filho na rede social Facebook.

Era professor de matemática, mas decidiu defender seu país e morrer por isso, agora se converteu em um shahid (mártir), realça, orgulhoso.

Meu irmão era uma pessoa humilde, todos lhe queriam, mas aprendeu desde pequeno que para proteger a pátria é necessário estar disposto a entregar a vida, afirma, por sua vez, Iussef Issa.

Povoadas majoritariamente por alauitas, ainda que também vivam cristãos e sunitas, as províncias costeiras de Tartus e Latakia pagam um preço muito alto pela derrota de grupos armados patrocinados por potências ocidentais e regionais.

O número de soldados mortos em combate em ambas é proporcionalmente maior em comparação ao resto dos estados, uma mostra da mobilização desse grupo em apoio ao governo e às forças armadas.

Junto a imagens do presidente Bashar al-Assad, pelas ruas de ambas as cidades se observam numerosas fotos e pinturas de soldados que morreram no fronte.

Em Latakia, em uma calçada coberta de árvores e flores, um gigantesco mural tem inscrito os nomes de milhares de mártires da cidade, que conta com mais de um milhão de habitantes.

Segundo o chefe do Departamento de Imprensa da província de Tartus, Abdul Rahim Ahmad, nesse território mais de quatro mil soldados caíram em combate desde o início do conflito, em março de 2011.

Nesse sentido, revelou que recentemente durante a ofensiva das forças armadas para libertar a usina de gás de El Shaer, na central província de Homs, mais de 70 filhos de Tartus perderam a vida.

Fomos o primeiro território a acabar com o analfabetismo na Síria, contamos com um alto nível cultural e educacional. Aqui há muito patriotismo, assegurou o funcionário público.

Por sua vez, seu homólogo da vizinha província de Latakia, Meissan Ahmed, estimou em 15 mil os soldados mortos no conflito oriundos da zona.

Pagamos um alto preço, mas estamos dispostos a qualquer sacrifício, sublinhou Ahmed.

Além das perdas humanas, Tartus e Latakia, as duas províncias costeiras da Síria, também sofrem o impacto econômico e social da conflagração.

Mais de 2,5 milhões de sírios que abandonaram seus lares se refugiaram em algum ponto dessas províncias, o que ressionou o sistema de transporte e elevou os preços dos serviços, produtos e moradias.

Mas nem tudo é negativo. A chegada em massa de pessoas também permitiu a entrada de capitais, mão de obra e especialistas em diversas áreas, o que diversificou e incrementou a economia regional.

Ainda que existam refugiados de numerosas aéreas, a principal corrente de deslocados provem da cidade de Alepo, a mais povoada e o coração econômico de Síria antes do início do conflito.

Fonte: Prensa Latina