Rússia e Coreia Popular intensificam colaboração

Em 17 de novembro se inicia visita de uma semana à Rússia do enviado especial da Coreia do Norte, secretário do Comitê Central do Partido de Trabalho, Choe Ryong-hae. Segundo uma fonte diplomática russa, o objetivo da visita é elevar o nível do diálogo político e a intensificação da cooperação econômica. Peritos esperam que as partes examinem o decurso de preparativos para uma visita oficial à Rússia do líder norte-coreano.

Por Elena Nikulina, na Voz da Rússia

Bandeiras da Coreia Popular

Tal seria um prosseguimento lógico de elevados ritmos do crescimento da colaboração bilateral que se verifica nos últimos tempos, salienta o dirigente do Departamento de Coreia e Mongólia junto do Instituto de Orientalismo, Alexander Vorontsov.

“Seria difícil enumerar as visitas de vários níveis, previstas para o ano de 2014. Ultimamente, um enorme avanço tem sido feito nas relações econômico-comerciais. Foi resolvida a questão da dívida norte-coreana à URSS que tinha impedido o desenvolvimento dos contatos bilaterais. Ao ultrapassar os obstáculos políticos e técnicos, a companhia RZD (Caminhos-de-Ferro da Rússia) construiu uma via-férrea moderna que liga a estação russa Khasan ao porto norte-coreano Rajin, tendo reabilitado ainda uma ponte cais deste porto, fazendo-o mais atraente e acessível para as empresas locais”.

Além disso, “foi igualmente lançado um ambicioso projeto de reconstrução de caminhos-de-ferro norte-coreanos a cargo da companhia russa Mostovik. Em paralelo, está sendo preparado um projeto de reconstrução de uma central térmica em Pyongyang. A Coreia do Norte anuiu em pagar por esses dispendiosos projetos importantes com seus preciosos recursos naturais que antes não haviam sido partilhados”.

Um intensivo desenvolvimento das relações políticas e econômicas apresenta vantagens a ambas as partes, se enquadrando no processo de diversificação de contatos políticos e econômicos e na reviravolta da Rússia para o Oriente após um resfriamento das relações com os países do Ocidente, afirma Alexander Vorontsov.

“As sanções antirrussas fizeram com que a Rússia se virasse para o Oriente: a Coreia do Sul, a Coreia do Norte e a China. Quanto à Coreia do Norte, num ambiente de rígidas sanções internacionais e redução das relações entre as duas Coreias, Pequim continua sendo o maior parceiro econômico de Pyongyang. Às trocas econômicas com a China cabem 90% do comércio da Coreia do Norte. Embora a China e a Coreia do Norte tenham sido aliadas e amigas tradicionais, Pyongyang não se sente muito confortável com essa dependência, procurando diversificar seus contatos econômicos e políticos. Por isso, tem vindo a elogiar o alargamento da participação russa em vários projetos no território da Coreia do Norte”.

A Rússia e a China possuem um enorme potencial de cooperação, assinala o especialista russo. Se tem em vista a utilização da mão-de-obra da Coreia do Norte. Se antigamente os norte-coreanos tinham trabalhado, sobretudo, no extremo Oriente da Rússia, hoje, já são convidados para a região de Moscou, zonas ao longo do rio Volga e outras regiões. Os empreiteiros têm tido em alto valor o profissionalismo, a responsabilidade e a disciplina de operários procedentes da Coreia do Norte.

O co-presidente da comissão intergovernamental russo-norte-coreana, Alexander Glushko, divulgou planos com vista a elevar o intercâmbio comercial para um patamar de 1 bilhão de dólares. Se baseando em boa vontade política, a Rússia e a Coreia do Norte dispõem de potencialidades para poderem alcançar essa meta. As vias de realização deste programa de ações serão debatidas pelo representante especial de Kim Jong-un nos marcos de sua próxima visita a Moscou e à região do Extremo Oriente.