Desemprego de população negra recua no Ceará

Na semana da Consciência Negra, cujo dia oficial será comemorado nesta quinta-feira (20), alguns dados para comemorar e outros para refletir foram divulgados durante o Seminário de Igualdade Racial no Mercado de Trabalho, promovido pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, em parceria com a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.

No evento foi apresentada a Pesquisa de Emprego e Desemprego – Boletim Especial População Negra, onde mostra que a taxa de desemprego da população afrodescendente do Ceará recuou de 12%, em 2009, para 7,9% em 2013, uma redução de 4,1 pontos percentuais. Esse percentual é menor do que a taxa de desemprego da população não-negra, que fechou o ano em 8,3%. Por sexo, as mulheres negras, assim como as brancas ainda ocupam menos as vagas do mercado e apresentam taxa de desemprego de 9,6%, enquanto a dos homens negros é de 6,6%.

Na divisão por setores produtivos da economia, a pesquisa revela que, em 2013, 45,8% dos negros empregados desenvolviam atividades no setor de serviços, enquanto o comércio e a reparação de veículos automotores empregava outros 23,4%, a indústria de transformação, 19,4%, e a construção civil absorvia 9,3% da massa de trabalhadores negros. “A maior participação da população negra no mercado formal de trabalho é reflexo do crescente número de empreendimentos no Estado, mas também do forte processo de qualificação profissional que vimos desenvolvendo para os diversos públicos”, destacou o titular da STDS, Josbertini Clementino, ao informar que o Estado fecha o ano de 2014 com mais de um milhão de jovens e adultos qualificados para o mercado de trabalho, nesses últimos oito anos.

Distorções salariais

A pesquisa ressalta, no entanto, que o rendimento médio real entre negros e não negros continua a apresentar desigualdades. Em 2013, o rendimento médio do trabalhador negro foi 26,3% inferior ao do não-negro, proporção esta superior à registrada em 2012 (23,4%). “O mercado (de empregos) ainda está aquecido, mas ainda há distorções, entraves históricos que precisam ser corrigidos”, defendeu o secretário, lembrando que “a regra do mercado de trabalho é para todos e que, portanto, não devem haver discriminações de cor, etnia ou gênero”.

Opinião semelhante tem o coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese, Ediram Teixeira, para quem a diferença salarial ainda existe nas empresas, entre negros e não-negros não se justifica, sobretudo quando ocupam as mesmas funções. “Temos que promover oportunidades iguais para todos”, defendeu Teixeira, ao apresentar os dados do Boletim Especial População Negra.

Plano Estadual

Na oportunidade, o coordenador do Ceppir, Ivaldo Paixão, apresentou o Plano Estadual de Política Social para inserção do Negro no Mercado de Trabalho, documento já encaminhado pelo governador Cid Gomes para votação na Assembleia Legislativa do Ceará. “Precisamos ter ações e políticas públicas compatíveis e equânimes para todos os trabalhadores, independentemente de raça e etnia”, reiterou Paixão, ao fazer um breve balanço das ações da Pasta que coordena.

Ainda no seminário, a coordenadora de Estudos e Pesquisa do Banco do Nordeste, Jacqueline Cambota, ministrou a palestra “Discriminação Salarial por Raça e Gênero no Mercado de Trabalho”, onde versou sobre como o mercado de trabalho atua enquanto gerador de desigualdades, remunerando de forma distinta trabalhadores com as mesmas características produtivas.

Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro em todo o país. A data homenageia Zumbi, escravo líder do Quilombo dos Palmares, que morreu nessa data, em 1695. O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo projeto Lei nº 10.639, em 9 de janeiro de 2003. No entanto, apenas em 2011 a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.519/2011 que cria a data, sem obrigatoriedade de feriado.

Fonte: Governo do Estado