Na Bahia, Roda de conversa debate Mulher, Mídia e Mercado de Trabalho

O departamento de Gênero do Sindicato dos Bancários da Bahia realiza a 5ª edição da Roda de Conversa. Com objetivo de compartilhar conhecimento, debater ideias e criar laços, o evento este ano aborda o tema 16 dias de Ativismo: Mulher, Mídia e Mercado de Trabalho.

Carla Liane com a dirigente do PCdoB em Salvador, Olívia Santana - Arquivo pessoal

O tema escolhido é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que lutaram contra a ditadura de Rafael Trujillo, na República Dominicana,= e foram assassinadas em 1960.
Para manter o debate sobre a luta feminista, o caso das irmãs – que passaram a ser conhecidas como “Las Mariposas” – voltou a ser lembrado em diversos países a partir da década de 1990.
Com o objetivo de despertar a consciência política e crítica na construção de um mundo sem violência contra a mulher, no Brasil a campanha começou em 2003 e desde então engloba o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro.

“A campanha dos 16 dias de ativismo representa uma conquista dos movimentos sociais no sentido da sensibilização, conscientização e mobilização de toda a sociedade na defesa dos diretos das mulheres, respeitando o principio da dignidade humana, denunciando toda e qualquer forma de violência. Precisamos nos engajar nessa luta e avançar na efetivação desses direitos, reconhecendo a importância da ocupação pelas mulheres dos espaços decisórios de defesa e construção de uma cidadania efetiva e emancipatória”, afirma a vice-reitora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a doutora em Ciências Sociais Carla Liane

De acordo com Valéria Possadágua, integrante da diretoria plena da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmelal), este ano a roda de conversa faz um recorte sobre a reflexão do trabalho como construtor, o protagonismo das mulheres na mídia. a autonomia e geração de renda para as mulheres negras.

“Como a mulher é representada na mídia? Qual a relação entre a reforma da mídia e a sustentação de um governo eleito democraticamente? Tem diferença no mercado de trabalho para mulheres negras e não-negras? Onde está a violência simbólica na construção da identidade de gênero?” –  questiona Valéria. Segundo ela, responder a estas perguntas é o desafio da roda de conversa.

Para debater esses temas sob a ótica dos 16 Dias de Ativismo, foram convidadas três mulheres: Petilda Vazquez, Julieta Palmeira e Arielma Galvão.


Arielma Galvão e Valéria Possadágua



A assessora técnica da Secretaria de Trabalho do Estado da Bahia, Arielma Galvão, vai expor o tema “Mulheres negras e mercado de trabalho: geração de renda e autonomia”. Ela, que também é militante da UBM, traz um quadro reflexivo sobre a situação da mulher negra contemporânea, as dificuldades de inserção e permanência no mundo do trabalho que ainda hoje são causados por um histórico de exclusão e preconceito. 

Arielma destaca que nos últimos anos o Estado vem trabalhando para combater a desigualdade e garantir direitos, mas a mulher negra ainda pertence a um grupo vulnerável. “Precisamos valorizar a articulação porque o Estado é um agente importante, mas os movimentos sociais são fundamentais”.

Segundo Arielma, é importante fortalecer e valorizar o diálogo entre o Estado e os movimentos sociais. Questões como empoderamento da mulher, trabalho decente e políticas públicas avançaram nos últimos anos e precisam seguir em busca da igualdade.


Petilda Vazquez 



A professora Petilda Vazquez, por sua vez, expõe uma reflexão sobre o trabalho como elemento construtor do sujeito político. Doutora em Ciências Sociais, ela questiona o papel da mulher no mundo do trabalho e desconstrói essa ideia de “heroína”. Ela explica que, no contexto contemporâneo, para ser reconhecida enquanto sujeito atuante a mulher precisa constantemente demonstrar sua força e capacidade como forma de autoafirmação.

A questão da saúde da mulher também é tratada de uma forma, segundo ela, bastante original. “Hoje ao falar de saúde da mulher parece que só existe mama e útero, só cuidam da saúde reprodutiva, mas a mulher que precisa mostrar como ela é forte para ter reconhecimento é a primeira a adoecer”, explica.

Petilda, que atualmente leciona História do Direito no Centro Universitário Estácio da Bahia trata por um viés contemporâneo a relação do ser humano e o trabalho. “O trabalho é fundamental para a construção do mundo”, afirma. Critica também a alienação que impede o trabalhador de se reconhecer como sujeito político do meio onde atua.

A Roda de Conversa acontece na próxima terça-feira (25) entre 18h e 20h no Auditório Mutti de Carvalho, no Sindicato dos Bancários da Bahia. A atividade é fruto de uma parceria com a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Metalúrgicos da Bahia, a CTB e a UBM.

Do Portal Vermelho
Mariana Serafini