Entrevista: Leci Brandão, mulher de fibra na ALESP

Seu mandato ganhou respeito no estado e na casa (alesp) por ser uma voz à democracia. Que significa dizer que deu voz as minorias. Como viu a força desses movimentos nos 4 anos de mandato?

Deus me encaminhou para esta nova missão. Apenas dei continuidade à luta que sempre fiz através da arte musical, meu principal instrumento para defender e entender os menos favorecidos. Os movimentos sociais sempre acompanharam a minha história de comprometimento e me incentivaram a disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Agradeço ao PCdoB a oportunidade de ficar mais perto dessas pessoas e poder representá-las de forma legítima.

A eleição mostrou que seu projeto político, voltado par população mais carente, com destaque forte para as mulheres, jovens e negros, foi acertado. Como vê o resultado da eleição, que te reelegeu, mas também candidatos conservadores, que defende a redução da maioridade penal, é contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, são contra as religiões de matrizes africanas?

O Estado de São Paulo tem uma história política muito marcado pelo conservadorismo e reacionária. Na Assembleia, as mulheres representam 10% do número de parlamentares e o número de negros que já ocupou uma cadeira nesta Casa é ínfimo, haja vista eu ser a segunda mulher negra a ocupar assento no plenário. A primeira mulher negra foi a Dra. Theodosina Ribeiro.

O perfil do Legislativo Paulista ficará fortemente conservador e a luta dos partidos progressistas, sem dúvida, será árdua. Podem aguardar. Entretanto, é necessário ressaltar que ali é a casa do povo. As pessoas devem acompanhar os mandatos e cobrar de seus parlamentares as respectivas obrigações. Não podemos permitir retrocessos nas conquistas sociais. Ao invés de cadeias, vamos construir escolas, respeitar a laicidade do Estado, preconizada na Constituição brasileira, e aceitar a diversidade.

Como vê essas manifestações de impeachment contra a presidenta Dilma e os discursos de preconceito que surge nas ruas?

Eles ainda não entenderam que a eleição foi legítima. É absurdo clamar por recontagem. Pior que isso é pedir a volta dos militares ao poder. Essa gente não sabe o que é uma ditadura. É uma pena que em 2014 haja tanto ódio e preconceito. A cara do Brasil, definitivamente, não é esta. O Brasil é plural, é democrático. No Brasil, é tudo junto e misturado.

Dentro desta nova conjuntura, o que esperar da Deputada Leci Brandão nos próximos 4 anos?

Fortalecimento. Tenho plena consciência de que é preciso ampliar e aprimorar as pautas. As lideranças terão que ser mais ouvidas e a participação da direção partidária será fundamental nas ações do próximo mandato. As pessoas terão que acompanhar e analisar. Faz-se necessária uma avaliação permanente daquilo que estamos construindo. Agora, mais do que nunca, preciso da sua ajuda. Nada será fácil. Vamos à luta! Viva o PCdoB! Viva o socialismo!