No Paraguai, Frente Guasu defende integração latino-americana
A coalizão de partidos de esquerda e movimentos sociais mais expressiva do Paraguai, a Frente Guasu, realizou seu congresso nacional durante este sábado (29) e domingo (30). O evento contou com a participação de mais de 800 delegados nacionais dos 17 departamentos (estado) do país e 26 representantes internacionais de dez países da América Latina, além de convidados de partidos de esquerda da Europa.
Publicado 01/12/2014 13:16

O presidente deposto em um golpe parlamentar em 2012, Fernando Lugo, abriu as atividades apresentando um panorama do atual cenário político e social do Paraguai e o retrocesso que o governo de Horácio Cartes representa para o povo paraguaio. Destacou as graves violações aos Direitos Humanos que o país vem sofrendo desde o Massacre de Curuguaty em junho de 2012, dias antes do golpe.
Lugo agradeceu a solidariedade internacional dos partidos de esquerda presentes e defendeu a integração da América Latina não apenas no âmbito político, mas também social. O congresso foi precedido de um seminário sobre o tema e o papel do Mercosul que fez uma análise da atual conjuntura paraguaia e internacional.
Porém Lugo vê possibilidades neste cenário de retrocesso que gerou um clima de reagrupamento e reorganização do povo paraguaio junto aos movimentos sociais e aos partidos de esquerda. “É um momento histórico que nos proporciona o planejamento e a construção de um amplo consenso para consolidar a ferramenta da mudança, da emancipação. Nosso desafio é levar a tarefa fundamental do câmbio e da esperança a toda a população. Debater com todos um projeto possível e que dê respostas concretas às necessidades do povo”, disse.
De acordo com Lugo, seu governo devolveu a esperança ao povo paraguaio ao trabalhar pela soberania energética e proporcionar serviços gratuitos de saúde e educação. No entanto, esta não é a prioridade de Horácio Cartes, o presidente que governa para os empresários e grandes produtores de soja no país, e tenta implantar um neoliberalismo tardio, já fracassado em todo o mundo.
Lugo aproveitou a ocasião para fazer um chamado aos camponeses sem terra, trabalhadores, sindicatos e organizações sociais para que continuem se organizando junto à Frente Guasu para a “refundação do país” em busca de uma “verdadeira democracia”.
O secretário geral da Frente Guasu e candidato à presidência nas últimas eleições, Anibal Carrillo, afirmou que o confronto da coalizão com a administração de Horácio Cartes está sendo feito no poder Legislativo com projetos sérios e estáveis, fruto de um permanente estudo sobre a realidade paraguaia. “As medidas planejadas e executadas por Cartes junto com as cúpulas dos partidos Colorado e Liberal (PLRA) têm a intenção de entregar o país, isso nos exigiu uma agenda própria capaz de disputar a iniciativa ao projeto saqueador”, esclareceu.
Entre as frentes progressistas internacionais que participaram do congresso está o PCdoB e o PCB do Brasil, a Marcha Patriótica da Colômbia, a Frente Para a Vitória e o Partido Comunista da Argentina, o Partido Comunista de Cuba, a Aliança País do Equador, o Partido Comunista da França, o Partido da Esquerda Europeia e o Partido Progressista do Chile.
Seminário Internacional
Durante sexta-feira (27) e parte do sábado (28), os delegados internacionais junto aos militantes da Frente Guasu participaram do seminário “Os desafios da integração da América latina e o Mercosul” que precedeu o congresso.
Na ocasião realizaram um ato simbólico em solidariedade aos 43 estudantes desaparecidos no México e exigiram o fim da impunidade. “Não podemos deixar que mais uma vez a história da impunidade se repita na América Latina”, disse a delegada da Aliança País do Equador, Valeria Pulga.
Do Portal Vermelho,
Mariana Serafini, com informações da Frente Guasu