Lula Morais critica decisão do STF sobre banqueiro Daniel Dantas

Durante o segundo expediente da sessão plenária da última quarta-feira (17/12), o deputado estadual Lula Morais (PCdoB) classificou de “excrescência” a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular o processo contra o empresário Daniel Valente Dantas, investigado pelas operações Satiagraha e Chacal, da Polícia Federal (PF), envolvendo crimes financeiros. Segundo ele, a decisão se deu em razão de que as provas obtidas na sede do Banco Opportunity foram ilegais.

“É uma excrescência, pois recentemente no Brasil uns foram condenados sem provas, por dedução, que foi o caso do José Dirceu e José Genuíno (no processo do Mensalão). Acho que a justiça brasileira se expõe de forma indevida perante a população”, avaliou.

Conforme relatou, em outubro de 2004, policiais federais cumpriam mandado de busca e apreensão no endereço profissional do empresário, localizado no 28º andar de um edifício no Rio de Janeiro. O documento foi expedido pelo juiz da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Porém, a sede do banco ficava em outro andar do mesmo prédio. Então, um juiz substituto autorizou a cópia de informações da instituição financeira.

“A forma como essas provas foram colhidas do disco rígido da instituição, no terceiro andar, foi considerada ilegal e anulado todo o processo de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção comandada por Daniel Dantas. Aqui se têm as provas, foram base para inquérito, concluiu-se o inquérito, o cidadão foi condenado e disseram que a origem da prova foi ilegal. Só porque não foi o andar autorizado para colher as provas”, criticou.

Além de ter anulado o processo de Dantas, o parlamentar disse que a Corte suprema condenou o deputado e então delegado Protógenes Queiroz a dois anos e seis meses de prisão por violação de sigilo funcional na Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro. A pena, no entanto, foi convertida em prestação de serviços comunitários e também na proibição de sair de casa durante os fins de semana. Lula Morais chama atenção para o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, que, segundo ele, “consegue ser protetor de todos que vão ao STF e por algum motivo libera”.

Em aparte, o deputado Delegado Cavalcante (PDT) entende que deveria acabar com as indicações do Executivo para cargos do Judiciário e deixar a cargo deste as próprias nomeações. “Essa interferência entre poderes, a meu ver, não é coisa de democracia.”

Fonte: Agência de Notícias da Assembleia Legislativa