Escândalo de corrupção assola a cena política israelense
Membros de alto escalão do partido ultradireitistas israelense Ysrael Beitenu, do chanceler Avigdor Lieberman, estão presos e submetidos a investigação por corrupção unida à construção de assentamentos nos territórios palestinos ocupados.
Publicado 27/12/2014 14:27

Entre os presos conta-se uma vice-ministra do Interior, Faina Kirshenbaum, e sua filha, Ronit, que permanecerá encarcerada, e o ex-ministro de Turismo Stas Miseznikov, conforme informou nesta sábado (27) um porta-voz policial.
Milhões de xéqueis, a moeda israelense, de fundos públicos foram transferidos a entidades relacionadas ao partido Yisrael Beitenu, cuja plataforma se baseia na anexação dos territórios palestinos.
Conforme vazamentos à imprensa israelense, a investigação é uma das mais importantes operações antissuborno nos 66 anos decorridos desde a fundação do Estado de Israel, durante a qual vários servidores públicos têm sido afastados da política por delitos similares.
O próprio Lieberman, ex-aliado da coalizão dirigente Likud até o mês passado, teve que esperar meses para assumir em novembro de 2013 a carteira de Exteriores até ser exonerado de acusações de tráfico de influência para conhecer pormenores de uma investigação a que era submetido.
Uma pesquisa divulgada pela Rádio Militar israelense informou que 40% dos eleitores que votaram por Yisrael Beitenu, depois do início do escândalo têm reconsiderado seu apoio a Lieberman, um ex-porteiro de clubes noturnos, notório por sua arrogância e desplante.
Lieberman é o único ministro de um país que vive em território ocupado ilegalmente, pois tem residência em um dos assentamentos paramilitares israelenses em Jerusalém, cuja construção é considerada um crime de guerra pela 4ª Convenção de Genebra.
Chama a atenção a magnitude da pesquisa e o nível dos envolvidos, pois ocorre a menos de três meses das eleições legislativas convocadas por antecipação para março pelo premiê Netanyahu, depois do rompimento do governo provocado pela inação de dois de seus ministros.
Neste mês, o premiê demitiu a ministra da Justiça Tzipi Livni e o de Finanças Yair Lapid, que se opuseram a sua moção de proclamar Israel um Estado Judeu, por considerar que isolará o país e será prejudicial nas atuais circunstâncias políticas internacionais.
Os dois ex-ministros também eram partidários da anexação dos territórios ocupados, mas de uma maneira paulatina que não provoque o fortalecimento do apoio internacional à demanda dos palestinos de terminar a ocupação no prazo máximo de dois anos.
No final de outubro a Suécia reconheceu o estado palestino independente e instou os demais membros da União Europeia a dar um passo similar como única via para solucionar o conflito do Oriente Médio de uma forma pacífica.
Desde então vários parlamentos europeus têm aprovado resoluções que sugerem tomar a mesma decisão e, na semana passada, a Jordânia apresentou ao Conselho de Segurança um projeto de resolução que fixa um prazo de dois anos para a retirada das tropas israelenses da Palestina.
Fonte: Prensa Latina