Bienal da UNE homenageia artistas e intelectuais brasileiros

A 9ª edição da bienal da UNE acontece entre os dias 1ª e 6 de fevereiro na Lapa, no Rio de Janeiro. Tradicionalmente o evento homenageia artistas e intelectuais brasileiros, normalmente um de cada uma das áreas apresentadas na Bienal: audiovisual, artes cênicas, artes visuais, literatura, música, ciência e tecnologia e projetos de extensão.

artistas homenageados pela bienal da une - Vermelho

Neste ano, os homenageados são Eduardo Coutinho em audiovisual, Abdias Nascimento em artes cênicas, Djanira em artes visuais, Carlos Drummond de Andrade em literatura, Dona Ivone Lara em música, Ildeu de Castro Moreira em Ciência e Tecnologia e Horacio Macedo em projetos de extensão.

Eduardo Coutinho é um grande nome do cinema brasileiro e nos anos 60 teve participação chave no Centro Popular de Cultura da UNE. Uma das obras do cineasta foi interrompida pelo golpe militar em 1964 e só foi publicada décadas depois, trata-se de um documentário sobre um líder das Ligas Camponesas que mais tarde se tornou um dos filmes mais conhecidos de Coutinho, o incisivo Cabra marcado para morrer (1984). Morto em 2014, de forma trágica, Eduardo Coutinho será o homenageado pela UNE nesta 9ª edição da bienal.

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Abdias Nascimento, o homenageado desta edição na categoria de artes cênicas, foi um dos maiores defensores da cultura de igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil. Ator, poeta e escultor, Abdias circulou com mestria pelas artes, mas foi nos palcos que firmou seu posicionamento de luta pela liberdade dos povos. Foi o criador do Teatro Experimental do Negro, publicou diversas obras e teve vários filmes sobre sua trajetória.

Djanira foi pintora, desenhista, ilustradora, cartazista e cenógrafa. Em vida, lutou pela democratização do acesso à arte. Comprometida com as causas sociais, a artista experimentou doses do que levou aos quadros, um exemplo disso é a viagem que fez, nos anos 70, por Santa Catarina para conhecer de perto o trabalho nas minas de carvão da região e registrar em óleo sobre tela. Pelo seu comprometimento com as questões sociais, Djanira da Motta e Silva é a homenageada pela UNE na 9ª edição da Bienal na categoria de artes visuais.

No campo da literatura o homenageado é Carlos Drummond de Andrade, que apesar de ser conhecido mundialmente por seus poemas, foi também contista, cronista e tradutor. Inquieto desde muito jovem, direcionou seu trabalho de forma a se tornar uma das grandes vozes do Brasil, com suas poesias de cunho social e de investigação do homem, sempre com um tom de humor e ironia. Comunista, Carlos Drummond também atuou na vida política e foi amigo de próximo de Luís Carlos Prestes.

Cantora e compositora brasileira, Dona Ivone Lara é homenageada na 9º Bienal da UNE. Entre as composições mais famosas da sambista estão os sambas Nasci para sofrer e Não me perguntes. Entre os intérpretes que gravam as composições de Dona Ivone estão Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Roberto Sá.

Já na área de ciência e tecnologia o homenageado é o físico mineiro Ildeu de Castro Moreira, formado pela UFMG e doutorado peal UFRJ, onde atualmente atua como professor no Instituto de Física e no Programa de Pós-graduação em História da Ciência e das Técnicas e Epistemologia. Ildeu de Castro Moreira foi escolhido pela abrangência temática, pelo impacto nacional e pelo papel multiplicador de seu trabalho em divulgação e popularização da ciência. É o criador da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, um dos maiores programas de difusão cientifica do país.

Horácio Macedo, homenageado na área de Projetos de Extensão, teve destaque em sua atuação na política. Comunista, atuou até mesmo contra o nazi-fascismo na Europa. Além de sua atuação política, foi um químico destacado e trabalhou com afinco na ampliação de programas de extensão universitários, entre eles o modelo de Hospital Universitário. Foi um dos grandes incentivadores para a universidade se relacionar com a comunidade externa.

Do Portal Vermelho,
Mariana Serafini