FSM e Moapa promovem encontro sobre situação agrária no Paraguai

O Movimento Agrário do Paraguai (Moapa) se pronunciou, na última sexta-feira (9), contra o modelo agroexportador, a monocultura, o extrativismo e as transnacionais que “estão no país sobre a velha estrutura latifundiária”.

Manifestação em Curuguaty - Mariana Serafini

A declaração da organização foi feita na abertura do Seminário Internacional “A terra é de quem trabalha” em coordenação com a Federação Sindical Mundial (FSM) que durou até sábado (10).

O evento tem como cenário o 10º aniversário do assentamento camponês “Comuneros” localizado em Alto Paraná, cerca de 300 quilômetros da capital Assunção, e conta com a participação de mais de 100 delegados nacionais e estrangeiros.

Em sua intervenção o Moapa explicou que a nova realidade paraguaia traz a necessidade de reafirmar as lutas, os métodos e a finalidade de uma organização camponesa definida com a classe trabalhadora e, portanto, internacionalista.

O movimento, fundado em 2000, se descreveu como “uma organização camponesa de caráter nacional com princípios democráticos, classistas, solidários e internacionalistas”.

Os trabalhadores do campo denunciaram ainda o Estado paraguaio como a maquinaria política e burocrata repressiva a serviço das transnacionais da soja e exemplificaram a acusação ao mencionar a negativa do Executivo em aprovar o imposto sobre a exportação dos grãos em seu estado natural.

E finalizou destacando o papel das organizações camponesas na resistência para um país diferente e uma mudança política que inclua uma revolução da estrutura agrária, um novo modelo de produção e distribuição de recursos.

As atividades desta sexta incluem uma análise da situação política nacional e internacional e debates sobre o avanço do agronegócio, a conjuntura econômica paraguaia e elementos da posse da terra no Uruguai.

Os participantes assistiram a projeção do filme “Tierra Roja” (Terra Vermelha) para iniciar os debates sobre o sangrento massacre de Curuguaty, ocorrido em 2012 no qual morreram 11 camponeses e seis policiais e serviu de argumento para o golpe parlamentar que depôs o presidente Fernando Lugo.

O coordenador da FSM para o Cone Sul e secretário de Relações Internacionais da CTB, Divanilton Pereira, participou do encontro e abordou a importância da FSM como uma corrente alternativa para a construção de uma nova ferramenta da classe trabalhadora e camponesa.

Fonte: CTB