Colômbia muda tática e discutirá cessar-fogo bilateral com as Farc

Após negar a possibilidade de o Estado colombiano pactuar uma trégua definitiva com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o presidente Juan Manuel Santos ordenou, nesta quinta-feira (15), que a equipe negociadora, presente nos diálogos de paz que estão sendo realizados em Havana com a guerrilha, inicie o mais rápido possível a discussão sobre um cessar-fogo bilateral.

Juan Manuel Santos - AFP/EITAN ABRAMOVICH

O maior grupo insurgente do país declarou, em dezembro, um cessar-fogo unilateral por tempo indefinido. O mandatário colombiano chegou a elogiar a medida e confirmou que o acordo estava sendo cumprido pelos guerrilheiros, mas negou as condições colocadas pela insurgência para a trégua. Santos, por outro lado, tem manifestado urgência em chegar a um acordo final e definitivo para o fim do conflito armado no país, que já dura mais de 60 anos. Na última semana, ele convidou o ELN a se somar ao cessar-fogo das Farc.

“Demos instruções aos negociadores para que iniciem o mais rápido possível a discussão sobre o cessar-fogo e o fim das hostilidades de forma definitiva” com a guerrilha, afirmou Santos durante discurso transmitido por rádio e televisão.

Guerrilha

Apesar dos avanços para o fim das agressões, as Farc disseram ter matado pelo menos oito soldados do Exército em ações atribuídas à guerrilha como sendo “defensivas”. No começo da semana, os insurgentes chegaram a declarar que o cessar-fogo decretado no mês anterior estava em risco devido às agressões do Exército.

Em resposta às declarações de Santos, as Farc disseram estar prontas para discutir o cessar-fogo bilateral e criticaram as agressões do Estado. “Nos parece contraditória e temerária a ordem de intensificar as ações ofensivas contra a guerrilha em trégua, na medida em que continua se colocando em risco a continuidade do cessar-fogo unilateral.”

Diálogos de Paz

Santos tem a intenção de concluir o processo ainda este ano. “Falta o mais difícil. Nos espera um ano complexo, um caminho árduo. Mas temos a esperança de que vamos conseguir o objetivo: uma Colômbia sem conflito que avance para a consolidação da paz. O governo já começou a trabalhar nos acordos sobre deposição de armas e reintegração à vida civil”, afirmou o líder colombiano.

A oposição, comandada pelo ex-presidente e senador Álvaro Uribe, criticou as declarações de Santos. Uribe postou uma série de comentários em seu Twitter, nos quais questiona a posição oficial e chama de “humilhação” e “mentira” o que para ele já é um cessar-fogo bilateral e que está sendo violado pelas Farc.

Fonte: Opera Mundi