Guerra na Ucrânia: combates enterram cessar-fogo

Intensos bombardeamentos registrados desde sexta-feira (9) na região de Donetsk enterraram definitivamente a frágil trégua no Leste da Ucrânia e parecem confirmar os planos de Kiev para impor a solução violenta do conflito, que várias organizações dizem saldar-se já numa catástrofe humanitária.

Donetsk

O líder da República Popular de Donetsk (RPD) responsabilizou, segunda-feira (12), o governo golpista pela ruptura do cessar-fogo e considerou que, em poucos dias, o território regressou à situação registrada antes da subscrição do armistício em Minsk, capital da Bielorrússia, no início de setembro do ano passado.

O número de vítimas resultantes do recrudescimento dos combates, ocorrido desde o final da semana passada, não é certo. Tropas fiéis a Kiev e forças antigolpistas trocam acusações de violação da trégua.

Seguras parecem ser as informações que garantem que o fundamental dos combates se concentra em torno do Aeroporto Internacional de Donetsk. Pelo menos é o que afirma a missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, que num só dia contabilizou mais de 90 violações do cessar-fogo, a maioria das quais em torno daquela infraestrutura.

As autoridades de Kiev informaram, no entanto, que a situação de tensão estende-se também a Mariupol e Lugansk. Os antifascistas, por seu lado, denunciam a destruição de dezenas de estações elétricas na região de Donetsk, dado confirmado, aliás, por um dirigente mineiro local, que no domingo (11), revelou que 331 mineiros ficaram bloqueados durante várias horas na mina de carvão de Zasyadko em resultado a interrupção do fornecimento de energia.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou deter informações de que a junta fascista ucraniana pretende impor a solução violenta do conflito, e referiu-se aos planos de mobilização de dezenas de milhares de efetivos por parte de Kiev.

As acusações de Sergei Lavrov têm ainda como pano de fundo a canalização de milhões de dólares para a produção de novos blindados e mísseis, e para a modernização dos aparelhos ao serviço da força aérea da Ucrânia, fato atestado por recentes visitas do presidente golpista, Petro Poroshenko, às fábricas encarregadas das encomendas.

Catástrofe humanitária

Paralelamente, as Nações Unidas atualizaram os dados que refletem as consequências da guerra contra o Leste da Ucrânia. Desde abril de 2014, morreram no território mais de 4.800 pessoas, cerca de 11 mil ficaram feridas e mais de 1,2 milhão refugiaram-se noutras zonas do país ou no exterior, sobretudo na Rússia.

Daria Morozova, responsável pela comissão do Direitos Humanos da RPD, precisou, por seu lado, que “os danos materiais ascendem, só em Donetsk, a pelo menos US$ 52 milhões. Na cidade, 4.472 edifícios habitacionais, 445 estações ou seções eletrotransmissoras e 136 instalações energéticas foram destruídas pelos bombardeamentos de Kiev”.

“Cerca de 30 estações elevatórias foram igualmente danificadas, assim como 1.469 estruturas de gás, 11 sistemas de tratamento de águas residuais, 50 hospitais e centros de saúde, 209 escolas e outras instituições de educação e cultura em toda a região”, detalhou Morozova.

Fonte: Jornal Avante