Funceme aponta maior probabilidade de seca no próximo trimestre

Modelos mostram 64% de chance de o acumulado de precipitações ficar abaixo da média histórica nos meses de fevereiro, março e abril.

O Governo do Estado já planeja as medidas para uma melhor convivência com a seca em 2015. O motivo da preocupação é o resultado das análises feitas pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que apontam maior probabilidade de ano seco no Ceará.

Os resultados dos modelos atmosféricos globais e as reuniões dos meteorologistas de centros estaduais, nacionais e internacionais, definiram 64% de probabilidade de o trimestre fevereiro-março-abril ser seco, 27% de chance de ser normal e 9% de probabilidade de ser chuvoso. Como o prognóstico climático aponta para o próximo trimestre e a quadra chuvosa oficial no Ceará engloba os meses de fevereiro, março, abril e maio, a Funceme fará, no fim de fevereiro, nova avaliação dos modelos para apontar as probabilidades de como serão as precipitações acumuladas de março a maio.

O anúncio do prognóstico aconteceu na última terça-feira, 20 de janeiro, no Palácio da Abolição, com a presença do governador Camilo Santana e dos secretários Hugo Figueiredo (Planejamento e Gestão), Francisco Teixeira (Recursos Hídricos) e Dedé Teixeira (Desenvolvimento Agrário), além do senador Inácio Arruda, que assumirá a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior no dia 2 de fevereiro.

A Funceme já havia, em novembro de 2013, antecipado aos setores do Governo a preocupação com a persistência da estiagem em 2015, que chega ao quarto ano consecutivo. Agora, a instituição cearense mostra forte sinal de que as precipitações acumuladas no período dos próximos três meses não atinjam a média histórica, que é de 517,6mm.

“Estamos com uma previsão objetiva, com base nos modelos do Superconjunto Nacional e composto pela modelagem global da Funceme juntamente com o Centro de Previsão do Tempo de Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Chegamos nesse patamar de 64% de chance de ser um ano seco e acreditamos que essa informação será bem utilizada pelos gestores estaduais. Já passamos da época em que esperávamos o fim da quadra chuvosa para começar a agir”, explica o colaborador da Funceme, Eduardo Sávio Martins.

Para ele, as ações estaduais para amenizar os efeitos da estiagem estão na direção correta, mas podem ser ainda mais eficientes se articuladas com os governos dos estados nordestinos e com a União. “Para isso estamos perto de tornar operacional o Monitor de Secas do Nordeste, que é um mapa colaborativo com informações sobre a severidade da seca fornecidas mensalmente pelos estados e coordenada pelo Governo Federal. É um importante passo para a criação de políticas públicas de convivência com a seca”.

Seca nas áreas urbanas

Após a apresentação da Funceme, o governador Camilo Santana conversou com a imprensa e disse que a sequência de anos secos, sem recarga nos açudes, é preocupante. “Diante da previsão climática apresentada, vamos acompanhar a criticidade de cada município, com ações específicas para cada localidade. A diferença da seca de 2014 para a de 2015 é que nesta vamos ter problemas não só nas áreas rurais, mas também nas áreas urbanas. O Governo do Estado tem projetos que serão continuados para garantir o abastecimento de água, como o Eixão das Águas, que dá garantia hídrica à Região Metropolitana de Fortaleza, trazendo água do Castanhão. Queremos que a Seplag coordene todo esse processo e as secretarias de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Agrário, junto com a Cogerh e a Cagece, vão agir em cada município”.

O secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, afirma que há alternativas para conviver com o cenário apontado pela Funceme, mas será um ano difícil. “Os problemas no abastecimento de água não ocorrem somente no Ceará, mas temos uma infraestrutura hídrica mais completa que em outros estados e vamos enfrentar a situação usando as alternativas que possuímos. Há cidades com situação mais critica, como Crateús, e vamos concentrar esforços nessas áreas”.

Ações estaduais

O Governo Estadual, sensibilizado pela gravidade do panorama da seca no Ceará, que chega em 2015 ao quarto ano consecutivo, enxerga a importância do prognóstico e trata a questão dos recursos hídricos como prioridade. Atualmente, 176 dos 184 municípios cearenses têm decretos de estado de emergência por consequência da estiagem. E a situação dos açudes também preocupa, pois nos 149 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), há disponíveis somente 20,2% da capacidade de armazenamento de água. Há um total de 130 açudes, em várias regiões do Estado, cujos níveis estão abaixo dos 10%.

Desde o início do atual ciclo de estiagem, em 2012, o Governo do Estado toma medidas para melhorar a convivência com a Seca, como investir na ampliação e integração da rede de distribuição de água, repasse de toneladas de milho para alimentação animal, além de ações mais emergenciais como carros-pipa e instalação de adutoras de engate rápido para os municípios e localidades com situação mais crítica.

Workshop

Para chegar às probabilidades de cada categoria do prognóstico (acima da média, em torno da média e abaixo da média), a Funceme, analisou os modelos atmosféricos do Superconjunto Nacional, composto pela modelagem global da instituição cearense juntamente com o Centro de Previsão do Tempo de Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A análise aconteceu no dia 19 de janeiro, durante o “XVII Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino”, realizado no auditório da Funceme, com a participação de meteorologistas de centros estaduais (Bahia, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, e Paraíba), nacionais (Inmet e pesquisador colaborador do CPTEC), da Europa (UK Met Office) e Estados Unidos (IRI).

Fonte: Secitece