Presidente do Iêmen renuncia horas após premiê se demitir

O presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi, renunciou nesta quinta-feira (22), horas após o anúncio de que o primeiro-ministro iemita, Khaled Bahah, deixou o cargo. De acordo com o mandatário, o país predominantemente sunita está "em um beco sem saída" depois que a oposição xiita representada pelo movimento Houthi investiu contra o palácio presidencial.

Abdo Rabu Mansur Hadi, presidente do Iêmen

Mansour Hadi alega ter se sentindo “humilhado” desde que assumiu a presidência em 25 de fevereiro de 2012, após a renúncia de seu antecessor, Ali Abdullah Saleh, influenciada pelos protestos populares de 2011. Ao pedir perdão aos iemenitas, o chefe de Estado reconheceu "não ter sido capaz de cumprir os objetivos pelos quais aguentou um grande sofrimento" durante o tempo no poder.

Como não existe um vice-presidente no Iêmen e conforme a atual constituição do país, a presidência será ocupada pelo presidente do Parlamento, Yahia al Raie, após este aceitar a renúncia de Hadi, o que deve acontecer no próximo sábado (24), segundo a Agência Efe.

Na quarta (21), os houthis e Hadi chegaram a um acordo de cessar-fogo para tentar apaziguar a crise. Na ocasião, o grupo se comprometeu a esvaziar os edifícios ocupados e a presidência, a modificar a Constituição.

Os houthis, que pegaram em armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010, sequestraram no último sábado (16) o chefe de gabinete da presidência, Ahmed Awad Mubarak. Nos últimos meses, o grupo tomou o controle de 7 das 17 províncias do Iêmen, incluindo a capital, Sanaa, onde os níveis de tensão aumentaram nesta semana com o ataque às sedes presidenciais.

Em clima de caos, Sanaa permanecia amplamente paralisada, disseram testemunhas à Reuters. Além disso, a filial local da sunita Al Qaeda tem reagido à ascensão dos houthis, atacando suas forças, assim como alvos governamentais e militares. Atualmente, o movimento xiita reivindica uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades em setembro de 2014.

Fonte: Opera Mundi