Energia eólica: Brasil vive revolução silenciosa
As previsões de racionamento de energia no Brasil, intensificadas na mídia recentemente, vêm acompanhadas, desde 2012, do argumento de falta de chuvas no Sudeste. Ignoram dados importantes sobre uma verdadeira revolução silenciosa que vem acontecendo, há vários anos, nas regiões Sul e Nordeste do país.
Publicado 28/01/2015 10:46
A evolução da energia eólica, produzida em maior parte nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Piauí, traz números impressionantes, capazes de descartar especulações sobre racionamento por falta de energia no Brasil. O ano de 2014 foi concluído com cerca de 5 GW (Gigawatts) instalados no País, que chegará em 2018 com, no mínimo, 15 GW já oficialmente autorizados, mais que as usinas de Itaipu ou Belo Monte.
Existem ainda novas usinas eólicas sendo frequentemente liberadas para operação comercial em dezenas de municípios, como mostra o site Energia Mapeada, que compila dados oficiais da Aneel (Agência nacional de Energia Elétrica) sobre energia limpa. “Até o fim de 2015, o Brasil já estará entre os dez maiores geradores de energia eólica no mundo”, afirma o engenheiro eletricista Alarico Neves Filho, responsável pela página.
Atualmente dependente das chuvas para gerar 70% da energia elétrica, o Brasil tem potencial eólico capaz de abastecer quase três vezes a sua demanda, segundo estimativas mais recentes do setor. Além de ser hoje a fonte de expansão mais barata, a energia produzida através da força dos ventos é também a mais ecologicamente correta.
Defesa da energia eólica
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que assume, na próxima segunda-feira (2), o cargo de secretário de Ciência e Tecnologia do Ceará, sempre defendeu a expansão da produção de energia eólica. Tanto que apresentou emenda à Medida Provisória, em tramitação no Congresso, favorecendo a produção de energia eólica. Ele inclui uma gama de componentes e insumos utilizados na produção de aerogeradores na desoneração da Contribuição para o PIS/Pasep, da Cofins, o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação.
A MP não contemplou pela norma desonerativa importantes componentes utilizados na produção da energia eólica, como insumos na fabricação de aerogeradores, dentre os quais as torres para suporte de gerador de energia eólica. Deixaram também de ser mencionadas a prestação de serviços e as locações de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos.
“Todos esses são componentes essenciais à produção de aerogeradores e devem ser igualmente desonerados, para o fim de se alcançar os almejados aumento da competitividade da indústria nacional e a ampliação da oferta de energia”, afirmou o senador.
Inácio destacou, também, que não foram contemplados outros importantes componentes utilizados como insumos na fabricação de partes relevantes dos aerogeradores, dentre os quais a Resina Epoxy. “Muitos fabricantes de aerogeradores produzem não somente o aerogerador, produto final, mas também todos os outros equipamentos que compõem o produto, tais como torres e pás”.
Economicamente viável
Pesquisada há mais de 50 anos, a energia eólica economicamente viável tem pouco mais de 20 anos. Os países precursores dessa tecnologia ficam na Europa: Dinamarca e Alemanha. Recente no Brasil, ela vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento do País, abastecendo hoje cerca de quatro milhões de casas, ou 12 milhões de pessoas – o equivalente à cidade de São Paulo – segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica.
Presente no Senado em um debate sobre o assunto, a presidente da entidade, Élbia Melo, defendeu que o Brasil precisa superar uma "visão turva" sobre essa fonte de energia, que a coloca em desconfiança sob o argumento de que esse recurso seria "sazonal e intermitente". Ela destacou que toda fonte que vem da natureza é, por definição, sazonal e intermitente, mas que é possível conter riscos no caso da eólica por meio do aumento da quantidade de geradores montados.
Do Portal Vermelho
De Brasília, com PT na Câmara