Desemprego fecha 2014 com a menor taxa desde 2003

O desemprego no Brasil encerrou 2014 com taxa média de 4,8%, sendo o menor índice da série, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (29). Este foi o quinto recuo seguido. Em 2003, primeiro ano da série, a taxa foi de 12,4%. A taxa média em 2013 foi de 5,4%.

Também na comparação com 2003, o número estimado de desempregados caiu 54,9%, para 1,176 milhão – ou 1,432 milhão a menos. De 2013 para 2014, a queda foi de 10,8%. Em dezembro, o desemprego caiu a 4,3%, ante 4,8% em novembro, e igualou a mínima histórica registrada no mesmo mês de 2013. A taxa média de desemprego é feita com base nas seis regiões metropolitanas do país, calculado pelo IBGE.

Apesar do recuo na taxa de desemprego, não houve aumento de postos de trabalho. O total de ocupados – 23,087 milhões, na média anual – recuou 0,1% ante 2013 (23,116 milhões). É a primeira vez que não há aumento do número de ocupados no ano. Já no período 2003/2014, a ocupação cresceu 24,7%, com acréscimo de 4,567 milhões de pessoas.

O desemprego cai mesmo assim pelo menor número de pessoas no mercado de trabalho. Apenas em dezembro do ano passado, por exemplo, a população economicamente ativa (PEA) recuou 0,5% (menos 116 mil) em relação a igual mês de 2013, indicando menos gente à procura de emprego.

O emprego formal teve alta de 0,9% no ano – a menor variação da série –, com o número de trabalhadores com carteira assinada estimado de 11,731 milhões, na média anual. Mas também cresce na série histórica. A expansão é de 59,6% em 12 anos, chegando a 91,1% na região metropolitana de Recife.

A participação desse grupo em relação aos ocupados subiu de 50,3%, em 2013, para 50,8% – essa proporção era de 39,7% em 2013. Na indústria, vai a 69,6% e na construção, a 40,9%. A maior participação (72,7%) é na atividade de serviços prestados a empresas. No comércio, é de 55,3%. A formalização tem mostrado tendência de alta também nos serviços domésticos, passando de 35,3%, em 2003, para 42,2% no ano passado.

Rendimento também cresceu e desigualdade reduziu

A média anual do rendimento dos ocupados (R$ 2.104,16) cresceu 2,7% no ano. Em relação a 2013, o ganho é de 33,1% (R$ 522,85). A massa de rendimentos – R$ 49,3 bilhões – aumentou 3% no ano e 66% no período acumulado.

O IBGE segue detectando desigualdades entre os rendimentos recebidos pelos diversos grupos sociais, embora com alguma redução. Em 2014, em média, as mulheres ganhavam 74,2% do recebido pelo homens. A proporção era de 73,6% em 2013 e de 70,8% em 2003.

Os trabalhadores de cor preta ou parda (classificação usada pelo instituto) ganhavam, no ano passado, 58% em relação aos de cor branca. Essa proporção era de 57,4% no ano anterior e de 48,4% no início da pesquisa, em 2003. Nesses 12 anos, o rendimento do primeiro grupo cresceu 56,3% e o do segundo, 30,4%.

A pesquisa do IBGE também indica crescimento da escolaridade. A proporção de pessoas com 11 anos ou mais de estudo aumentou de 48,5% para 49,9% no ano. Em 2003, era de 34,3%.

Rio de Janeiro mostra maior redução na população desocupada

Entre as seis Regiões Metropolitanas pesquisadas, o maior percentual de redução na população desemprega em 2014, comparada a 2013 foi no Rio de Janeiro (-23,4%), seguindo por São Paulo (-16,5%) e Belo Horizonte (-12,5%). Nas Regiões Metropolitanas de Salvador (14,8%), Porto Alegre (8,7%) e Recife (1,8%), por outro lado, a população desocupada cresceu entre 2013 e 2014.

Nível de ocupação das mulheres cresce mais que o dos homens

O nível da ocupação da população economicamente ativa alcançou 53,3%, um aumento de 3,2%, comparada a 2003. Entre as mulheres, o nível de ocupação é de 45,4%, ainda inferior aos dos homens, que é de 62,6%. No entanto, em relação a 2003, o crescimento entre as mulheres foi superior ao dos homens. Já entre os jovens entre 18 e 24 anos aumentou o nível da ocupação, subindo de 53,8% para 57,2% e da população de cor preta ou parda de 48,5% para 53,0%.

Domésticos e construção têm os maiores ganhos

Todos os grupamentos de atividade apresentaram ganhos no poder de compra do rendimento do trabalho. Os grupamentos com os maiores aumentos percentuais foram aqueles com os menores rendimentos, ou seja, quem ganhava menos teve um crescimento no rendimento maior do que os demais.

De 2013 a 2014, os ganhos de rendimento dos grupamentos foram: construção, 6,7%; serviços domésticos, 4,5%; comércio, 4,2%; educação, saúde e administração pública, 2,7%; outros serviços, 1,9%; indústria, 1,3% e serviços prestados às empresas, 0,6%.

Nos serviços domésticos, de 2003 a 2014, houve o maior aumento entre os grupamentos, 69,9%. Ainda em relação a 2003, outro destaque foi a construção, composto em sua maioria por pedreiros, com ganho de 58,7%.

Em 2014, o rendimento médio real domiciliar per capita (R$1.425,63) aumentou 2,4% em relação a 2013 e 49,6% comparado a 2003.

Rendimento dos pretos e pardos é 58% menor do que dos brancos

A pesquisa evidencia a disparidades entre os rendimentos de homens e mulheres e, também, entre brancos e pretos ou pardos. Em 2014, em média, as mulheres ganhavam em torno de 74,2% do rendimento recebido pelos homens – uma expansão de 0,6% frente a 2013 (73,6%). A menor proporção foi registrada em 2003, 70,8%.

O rendimento dos trabalhadores de cor preta ou parda, de 2003 para 2014, cresceu 56,3%, enquanto o rendimento dos trabalhadores de cor branca cresceu 30,4%. Mas a Pesquisa registrou também, que os trabalhadores de cor preta ou parda ganhavam, em média, em 2014, 58,0% do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. Em 2013, esta razão era 57,4%. Destaca-se que, em 2003, não chegava à metade (48,4%).

Terceira idade aumenta presença

De 2013 para 2014, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais de idade na população em idade ativa aumentou de 32,3%, para 34,1%. Neste período, a presença de pessoas com 50 anos ou mais de idade no mercado de trabalho passou de 23,6%, para 24,7%. Em 2003, este grupo representava 16,7% da população ocupada.

Escolaridade de população ocupada continua crescendo

De 2013 para 2014, a escolaridade da população com 10 anos ou mais de idade aumentou. A proporção de pessoas com 11 anos ou mais de estudo cresceu 1,4% (de 48,5% para 49,9%). Em relação a 2003, quando este percentual era 34,3%, a expansão foi de 15,5 pontos percentuais em 12 anos.

Entre os trabalhadores, o avanço da população com 11 anos ou mais de estudo foi ainda maior, passando de 46,7% em 2003 para 65,4 % em 2014, crescimento de 18,7 pontos percentuais. Aumentou também a proporção de trabalhadores com ensino superior completo: em 2003 eles representavam 13,8% e, em 2014, 21,3%.

Participação feminina no mercado de trabalho

A participação das mulheres na população ocupada praticamente não se alterou, passando de 46% em 2013 para 46,1% em 2014. Ressalta-se que no confronto 2003 (43%), houve elevação significativa da participação delas no mercado de trabalho.

Com informações de agências