Levy, leia o jornal Valor Econômico!

O Notas Vermelhas, que torce pelo êxito do Governo Dilma, vem modestamente sugerir ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que leia a edição desta sexta-feira (30) do jornal Valor Econômico.

Joaquim Levy toma posse - Agência Brasil

Não, o jornal não é uma exceção de qualidade neste mar de empulhações que é a mídia hegemônica. Faz, como os outros, campanha para Eduardo Cunha, o probo. Esconde que o desemprego é o menor dos últimos 12 anos (veja a quinta nota), enfim, é “mais do mesmo” do que se encontra nos jornalões, com uma linguagem um pouquinho mais empolada. Mas de vez em quando o Valor deixa escapar uma ou outra coisa interessante, como se pensasse “afinal, ninguém vai notar”. Mas nós notamos e recomendamos a leitura principalmente da página A13. Mais detalhes, se o ministro tiver paciência, na nota abaixo.

Levy, leia o jornal Valor Econômico (2) !

Antes de irmos até a página A13 do Valor, vamos dar uma passada na A6, onde a professora Marta Arretche, colunista convidada do jornal, explica da seguinte forma a diferença de visão da política econômica entre esquerda e direita: “Os primeiros preferem políticas expansionistas, sustentadas pelo setor público, ao passo que os segundos acreditam que adequadas estruturas de incentivo levarão os agentes privados a fazer escolhas corretas de investimentos”. Agora sim, iremos à página A13. Calma ministro, ninguém acha que o senhor é de esquerda e já estamos terminando.

Levy, leia o jornal Valor Econômico (3) !

Na página A13 o ex-subsecretário adjunto do Departamento do Tesouro dos EUA, J. Bradford DeLong, publica artigo intitulado “O que deu errado em 2008?”, referindo-se à grave crise econômica que abalou o capitalismo mundial. No seu artigo ele faz a resenha de dois livros. O primeiro é “The Shifts and the Shocks” (as transformações e o choque) do “jornalista conservador britânico” (nas palavras do autor do artigo) Martin Wolf. Expondo as ideias de Wolf, o autor do artigo diz que em 2008 “as autoridades monetárias foram levadas a um estado adormecido de complacência pela aceitação generalizada de teorias econômicas como a da ‘hipótese da eficiência dos mercados’, pela qual se presume que os investidores agem de forma racional e usam todas as informações disponíveis ao tomar decisões”. Levy, prometo que a próxima nota é a última sobre este assunto.

Levy, leia o jornal Valor Econômico (4) !

Continuando, Wolf diz que a “aceitação generalizada” desta teoria criou “um ambiente de políticas econômicas definidas pelo que apenas pode ser descrito como excesso de arrogância. (…) A teimosia em manter políticas erradas, de fato prologou-se por muito tempo depois de a crise ter começado”. E o que sugere Wolf? Segundo J. Bradford, no curto prazo “ele sugere que países com reservas cambiais gastem mais (em especial para financiar investimentos do setor público) e emitam mais títulos de dívidas. Seus bancos centrais, argumenta Wolf, deveriam elevar as metas de inflação”. O segundo livro mencionado por J. Bradford é “Hall of Mirors” (sala de espelhos) de Barry Eichengreen. O autor do artigo comenta que Eichengreen atribuí as decisões erradas tomadas em relação à crise de 2008 “ao triunfo dos economistas monetaristas, discípulos de Milton Friedman”. Ministro, esperamos que não tenha dificuldade em encontrar estes livros. Boa leitura!

Mídia hegemônica esconde informação sobre desemprego

Em meio a uma crise econômica mundial, onde a Europa enfrenta uma onda de desemprego e países como a Espanha atingem um índice de 26,8% de desempregados, o IBGE divulgou nesta quinta-feira (29/1) que o Brasil em 2014 teve a menor taxa de desemprego dos últimos onze anos (4,8%). Você leu isto em algum lugar da mídia hegemônica nesta sexta-feira (30/1)? Só se procurou bastante. Em qualquer país do mundo uma informação deste tipo seria manchete principal. No país do monopólio da informação, O Globo, O Estado de S. Paulo e o Valor Econômico não deram sequer uma pequena chamada de capa nesta sexta-feira (30/1). E quando abordam o assunto nas páginas interiores é tentando diminuir o feito. O único jornalão que deu a notícia na capa, sem ser a manchete principal (era querer demais), foi a Folha de S. Paulo, e mesmo assim dizendo que “o resultado é fruto de uma menor participação de pessoas (?) no mercado de trabalho”. Esta é a liberdade de imprensa que eles defendem, liberdade de esconder, falsificar e distorcer.

Folha ataca Flávio Dino

Era questão de tempo a mídia hegemônica começar a pegar no pé do único governador comunista. A Folha de S. Paulo, na edição de 30/1, faz um ataque burro ao governador. Estampa a Folha: “Dino nomeia parentes de aliados no Maranhão”. O ataque é burro já que fica claro o “esforço de reportagem” da Folha para descobrir parentes de Flávio Dino no governo. Como não conseguiu, foi mesmo de “parentes de aliados”, uma definição tão ampla que não existe governo na face da terra que dela escaparia. A própria Folha em sua matéria reconhece que as pretensas nomeações de aliados “não configuram nepotismo”. Um dos casos apresentados pela reportagem chama a atenção pelo argumento usado. É a da professora Joslene da Silva Rodrigues, chefe de gabinete do governador. A Folha informa, vejam vocês, que ela é namorada do secretário de articulação política, Márcio Jerry! Joslene, a própria “reportagem” revela, é dirigente do PCdoB-MA. Ou seja, é uma construtora política que ajudou, com seus camaradas, na formatação da tática que levou à vitória a candidatura de Flávio Dino. Qual o óbice moral ou ético para que ela assuma qualquer função? Por que eventualmente namora um outro dirigente do seu partido? Na verdade, tão frágeis são os argumentos que sustentam a matéria que acabam revelando a intenção de atacar por atacar.

O machismo da Folha

Então a Folha acha que Joslene foi nomeada chefe de gabinete por ser namorada de Márcio Jerry? Não poderia ser o contrário, o Márcio Jerry ter sido nomeado por ser namorado da Joslene? Afinal, os dois são dirigentes do PCdoB do Maranhão. Mas o machismo atávico da mídia hegemônica não permite tal suposição que seria também absurda, mas o fato do repórter só considerar uma hipótese (o dirigente homem favorece a dirigente mulher) revela bem as coisas.

Secom aberta ao diálogo

Nesta sexta-feira (30/1), o ministro da Secretaria de Comunicação Social (SECOM) do governo Dilma Rousseff, Thomas Timothy Traumann, convidou os representantes da mídia alternativa para uma conversa no palácio do Planalto. Os comunicadores estiveram na capital para um café da manhã na quinta-feira (30/1) com o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto (veja matéria do Vermelho), e os que haviam permanecido em Brasília foram positivamente surpreendidos com o novo convite. O editor do Portal Vermelho e Secretário Nacional de Comunicação do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, esteve presente e informou que o Ministro quer um diálogo constante com a mídia alternativa e que a Secom está aberta a sugestões.

Nem sempre foi assim

Declaração do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito, publicada sem grande destaque na página A9 do jornal Valor Econômico: “Nunca tivemos uma Polícia Federal tão independente politicamente”. Como diz o ditado popular, para bom entendedor um pingo é letra. O que Ayres quis deixar claro é que antes a PF era dependente politicamente. Nós já sabíamos, mas tem gente (muita gente) que nem desconfia.

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