Derrotado nas urnas, FHC quer golpe judicializando a política

O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso publicou artigo neste domingo (1º/2) em que implicitamente sugere um golpe institucional, chamado por ele cinicamente de “uma mudança na ordem política nacional”.

Fernando Henrique Cardoso

O golpe proposto por FHC não deve ser executado por militares, mas sim pelo Poder Judiciário. “No passado, seriam golpes militares. Não é o caso, não é desejável nem se veem sinais. Resta, portanto, a Justiça. Que ela leve adiante a purga; que não se ponham obstáculos insuperáveis ao juiz, aos procuradores, delegados ou à mídia. Que tenham a ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas”.

Em todo o artigo publicado por O Estado de S. Paulo, FHC cita apenas uma vez a palavra povo quando se refere a questões econômicas. E apesar de o povo ter ido às urnas em outubro, isto é, há pouco mais de três meses, e ter decidido pela reeleição de Dilma Rousseff, pouco importa para ele saber o que o povo quer.

O recado enviado aos congressistas, que tomaram posse neste domingo (sendo uma maioria conservadora), é de que para tirar o PT e aliados do governo só existe um caminho: politizar o Judiciário. Como perderam as eleições nas urnas, a oposição tucana e a mídia tentam a todo custo fazer uso político da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras.

Atentado à democracia

Além de tentar instalar mais uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para incriminar o governo Dilma e até mesmo o ex-presidente Lula, como fez a revista Veja às vésperas da eleição em outubro, querem dar um caráter oficial ao golpe por meio do Judiciário, que julgaria com base nas disputas políticas e não na lei. Um atentado à Constituição de qualquer nação democrática.

Mas não é só isso. Presidente por dois mandatos, FHC deixou o governo com índices recordes de desemprego, fechamento de indústrias, crise de energia, arrocho salarial e aumento da pobreza. Os governos Lula e Dilma fizeram exatamente o contrário. Mas agora na oposição – que vale salientar ainda insiste em criar um terceiro turno – FHC monta em seu cavalo branco, empunha a espada da “sua” justiça e tenta justificar o golpe.

Pré-sal

FHC criticou a política econômica adotada ao longo dos últimos 12 anos. Para ele, foi um erro a política de substituição das importações como forma de fortalecer a industrialização. “Exageraram”, disse, ao forçar o "conteúdo nacional" na indústria petrolífera. Ele que sempre tentou privatizar a Petrobras, chegando até a querer trocar o “s” apelo “x” para facilitar a transferência para o cartel norte-americano do petróleo, pelo jeito tem uma obsessão em se livrar da Petrobras.

Outra demonstração disso é a posição do tucano quanto ao pré-sal, chamando de “cegueira” a ação da estatal para ser a principal detentora dos recursos gerados. Aliás, a Petrobras foi tema recorrente no artigo de FHC, que de forma sutil, por pelo menos duas vezes em seu texto, tentou se esquivar da responsabilidade por ter indicado os executivos que hoje estão envolvidos em esquemas de corrupção.

Engavetador de escândalos

Tendo em sua gestão um procurador conhecido como Engavetador-geral da República, por não dar andamento aos processos de investigação de corrupção, FHC diz agora que “não se ponham obstáculos insuperáveis ao juiz, aos procuradores, delegados ou à mídia”. E completa: “Que tenham a ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas, desde que efetivamente culpados. Que o STF não deslustre sua tradição recente”.

Tradição essa que não prevaleceu durante o seu governo. FHC foi reeleito porque mudou a Constituição, que não permitia a reeleição, depois de comprar os votos de parlamentares que confessaram o crime mediante o pagamento de R$ 200 mil cada. Portanto, mudar as regras em seu próprio benefício é marca de FHC que, ao finalizar o artigo defende que os políticos mudem “as regras do jogo partidário-eleitoral”.

FHC e a oposição golpista esquecem que o jogo começou dia 26 de outubro de 2014 e as mudanças foram estabelecidas com a reeleição da presidenta Dilma. O povo quer mais mudanças, com avanços nas conquistas sociais, melhoria das condições de vida, punição aos corruptos com devolução do dinheiro desviado.

A tentativa dos golpistas de excluir o povo brasileiro dos rumos do Brasil e jogar nas mãos do Judiciário é justamente porque somente o povo pode derrotar essa investida. Portanto, as forças progressistas e os movimentos sociais devem se mobilizar e disputar o seu devido espaço na democracia para que prevaleça o caminho de mudanças e reformas que atendam aos interesses do povo.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos