Defesa da indústria nacional une centrais e empresários
Convidados para um almoço na sede da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), dirigentes de cinco centrais sindicais (CTB, CUT, FS, UGT e CGTB) iniciaram na tarde desta sexta-feira (6) um debate com setores do empresariado em torno da dramática conjuntura vivida pela indústria de transformação no país. A ideia é unir forças e deflagrar uma grande mobilização nacional em defesa da indústria, do emprego e do desenvolvimento nacional.
Publicado 07/02/2015 09:45
“Em hipótese alguma queremos fazer um movimento de oposição ao governo, seria uma estupidez”, esclareceu o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza. “Nosso propósito é realizar algo parecido com o ´Grito de Alerta´”, que em 2012 mobilizou milhares de pessoas em defesa da indústria nacional e do emprego. “Estamos indo para o buraco de maneira acelerada”, afirmou.
Quadro desesperador
A indústria de bens de capital, cuja produção está diretamente associada aos investimentos produtivos, caiu em 2014 pelo terceiro ano consecutivo e acumula queda superior a 20% desde 2011. O cenário da indústria de transformação em geral (que não inclui os ramos da construção civil e mineração) é “desesperador”, conforme os líderes empresariais presentes no almoço promovido por Pastoriza.
No ano passado, a produção do setor recuou 3,2%, enquanto o lucro dos três maiores bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander) cresceu 25,8%, totalizando R$ 37,5 bilhões. Na opinião de trabalhadores e empresários, a nova equipe econômica do governo, liderada por Joaquim Levy, representa o fortalecimento da hegemonia dos interesses financeiros na determinação das políticas governamentais. Não se nota o menor sinal de preocupação com a desindustrialização do país.
“A matriz produtiva brasileira está empobrecendo, o emprego que está sendo criado é no setor de serviços de baixo valor agregado e com remuneração que vão de um a dois salários mínimos. O emprego na indústria de transformação está derretendo e neste ano vai ser uma calamidade”, alertou o presidente da Abimaq. A produção da indústria química não cresce desde 2007, enquanto as importações não param de crescer, no ano passado 36% do mercado interno foi abocanhado pelo capital estrangeiro ou suprido por importações.
Mudar a política econômica
O presidente da CTB, Adilson Araújo, saudou a iniciativa da Abimaq e propôs a ampliação da mobilização em defesa da indústria, do emprego e do desenvolvimento nacional, que em sua opinião deve incluir os intelectuais progressistas e outros setores da sociedade brasileira preocupados com os rumos da nação e críticos da atual política econômica.
O sindicalista, que representou a CTB no evento juntamente com o assessor Umberto Martins, considera que o movimento unitário de trabalhadores e industriais tem de exigir a mudança da política econômica. “Precisamos de uma nova orientação, focada na redução dos juros, no fim do famoso tripé (juros altos, a pretexto de combater a inflação; câmbio flutuante e superávit primário), bem como na taxação das remessas de lucros e instituição do imposto sobre grandes fortunas, entre outras iniciativas”. Ele acrescentou que será preciso levar em conta, na aliança que se esboça, as contrapartidas sociais aos benefícios que forem conquistados para os empresários.
“Os interesses da classe trabalhadora não podem ficar em segundo plano”, argumentou. Na próxima quinta-feira (12) será realizada uma reunião técnica com representantes dos trabalhadores e empresários com o objetivo de definir uma plataforma unificada e um calendário de mobilização nacional em defesa da produção, do emprego e do desenvolvimento nacional.
Fonte: Portal CTB